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Biosseguridade na suinocultura é tema de Webinar promovido pela ABCS em parceria com a 333 Brasil

Durante o evento, três especialistas debateram importantes pontos relacionados à adoção das medidas de biosseguridade no Brasil e nos Estados Unidos.

Fonte: ABCS
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28 Agosto 2020
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A biosseguridade na cadeia é um dos pilares prioritários para a ABCS, e por isso diversos aspectos deste tema na suinocultura vêm sendo debatidos através de uma série de Webinars. No evento mais recente, realizado na última quarta-feira (26/08) e mediado pela diretora técnica da ABCS, Charli Ludtke, e pela gerente da 333 Brasil, Roberta Leite, três especialistas foram convidados para conversar sobre biosseguridade, evolução histórica, aplicabilidade e a importância da adoção dessas medidas na suinocultura brasileira e americana.

O professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Doutor David Barcellos iniciou sua apresentação falando sobre o que se entendia como biosseguridade no passado. Em seguida explanou como o tema é adotado nos dias de hoje, e o que ele espera que será considerado no futuro. Para ele, um dos pontos mais relevantes que deve ser observados com o maior rigor possível, é a aplicação de um regime correto de quarentena para o ingresso de suínos recém chegados as granjas. Em sua apresentação ele mostrou dados de um trabalho realizado na Dinamarca de 1994 a 2011, que fez um estudo comparativo avaliando a entrada de patógenos por meio dos animais em uma granja que não utilizava a quarentena, e numa outra situação a quarentena sendo imposta corretamente, e assim o risco de entrada de patógenos na granja teve uma redução de 70% para 6,2%, ou seja é fundamental proteger o rebanho da granja, com o monitoramento dos suínos que chegam e precisam aderir a esse procedimento de quarentena de forma severa.

Barcellos alertou também para os vários riscos das más condições de criação, gerando o estresse e ausência de bem-estar animal, e assim aumenta a pressão de infecção, baixa imunidade e a proliferação de patógenos. E citou também o risco de transmissão de doenças via inseminação artificial, usada na reprodução. Já olhando para os novos tempos da suinocultura, o professor aposta na “comunicação, no treinamento, nas medidas de incentivo, no uso de um sistema de registro eficiente, na adoção de auditorias para monitoramento e evolução, e mantendo uma visão de perspectiva regional.” Para ele, o futuro está na análise de riscos e nas medidas de controle destes, com a adoção de ferramentas avançadas que possam predizer os riscos epidemiológicos, associados as doenças e mitigá-los.

Daniel Linhares, Doutor em Medicina Veterinária e professor convidado da Iowa State University, trouxe os desafios e perspectivas americanas na área, já que a os Estados Unidos lidaram com surtos de doenças associados a patógenos que causaram alto impacto econômico, ressaltou que felizmente estes problemas não ocorreram no Brasil. “Biosseguridade é adotar medidas para diminuir e evitar o risco propagação de agentes patogênicos numa granja. É preciso pensar também na existência de novos patógenos, ou na evolução de patógenos já existentes.” Ele conta sobre a adoção de um esquema de proteção em quatro camadas, que instala diversas barreiras de desinfecção entre a área considerada suja, e a área considerada limpa, tanto para os colaboradores que chegam à granja, quanto para os caminhões de transporte e também para o rebanho. “Esse conceito pode ser utilizado em outras áreas da granja. Recomendamos pelo menos uma, senão várias camadas de transição.”

Linhares contou também sobre os processos de limpeza, que envolvem a remoção da matéria orgânica, a descontaminação química e a secagem do ambiente, já que a tendência dos vírus é não sobreviver em locais secos. E relatou duas experiências positivas testadas por sua equipe da Universidade Iowa. Uma para medir falhas na proteção e o risco de patógenos externos serem levados pelos suínos por meio dos caminhões, e o pessoal envolvido nos deslocamentos dos animais até as baias. E outra sobre a correta limpeza e sanitização, com o uso de ar quente (altas temperaturas) para promover a descontaminação dos veículos, que segundo ele se mostrou eficaz, pois aquece o veículo por inteiro, promovendo a secagem completa mesmo locais difíceis de higienizar (sistema natural, ventilador, ou também conhecido como TADD).

Por sua vez, Gustavo Simão, Médico Veterinário e gerente de serviços de veterinária da Agroceres Pic, trouxe novas ferramentas que estão sendo desenvolvidas para facilitar a adoção, monitoramento e sistematização do plano de biossegurança da granja, ele também ressaltou a importância de se ter o gerenciamento e gestão de riscos. Para ele, deve-se ter um sistema que identifique onde os riscos estão para que eles possam ser corrigidos. Ele defende que sejam feitos treinamentos e avaliações constantes. “Entendemos que um surto de doença, ocorre quando algum procedimento falha, e não só uma vez. Biossegurança é disciplina e o aprimoramento contínuo de todas as etapas na granja, com o envolvimento de toda a unidade produtiva, é algo simples.”

Charli Ludtke concluiu ressaltando que as medidas demonstradas durante o Webinar são muito simples, envolvendo, quarentena dos animais que chegam à granja, uso de barreiras físicas (como cercas), redobrar cuidados na limpeza e desinfecção das instalações e dos veículos, higiene dos colaboradores visando também manter o maior número de pias e sanitizantes para que pessoal dos diferentes setores, mantenham as mãos sempre limpas, assim como a troca de roupas e calçados. Ela espera que as medidas de higiene adotadas hoje durante a pandemia da COVID-19 permaneçam. O Webinar contou com 542 inscritos de 17 países diferentes.

Clique aqui e assista ao Webinar completo!

1Citado por David Barcellos: Madsen, P.S.; Holmegaard, H. Adding genes without infection. Pig International, v. 33, n.7, p. 27-28, 2003.

27 de agosto de 2020 / ABCS / Brasil.
abcs.org.br

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