O mundo padece com a Covid-19, mas o Brasil vai exportar um milhão de toneladas da proteína em 2020 e quebrar um recorde histórico. Porém, precisa criar uma estratégia para se firmar de vez no mercado internacional de carnes. O tema vai imperar durante a PorkExpo 2021
Parece inacreditável, mas é pura realidade. 2020, um ano histórico para a humanidade por causa da pandemia da Covide-19, que paralisou mercados, vidas, mobilizou um planeta inteiro pela primeira vez, vai marcar o período mais próspero para quem produz e comercializa carne suína no Brasil. Os dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) não mentem. As exportações da proteína devem crescer entre 27% e 33% neste ano, na comparação com o ano passado, e a perspectiva é chegarmos a um milhão de toneladas embarcadas.
Um levantamento realizado pela ABPA, indica que a China, principal produtor da carne no mundo, com média de 54 milhões de toneladas anuais, e maior importador do Brasil, deve produzir 15% a menos de suínos em 2020, o que representa um drive de sustentabilidade de exportação ímpar para o segmento brasileiro.
“A Ásia é o grande player das exportações internacionais, não apenas do Brasil. A lacuna deixada pela Peste Suína Africana na produção dos países asiáticos e no trade global continuará a ditar o comportamento das exportações brasileiras e dos demais abastecedores internacionais de aves e de suínos. Sem falar que o bom desempenho das exportações reduz os impactos decorrentes da alta dos insumos e da elevação dos custos decorrentes da situação de pandemia”, ressalta Ricardo Santin, diretor-executivo da ABPA.
O suíno brasileiro viveu um 2019 bastante positivo. A indústria faturou US$ 12 bilhões, as granjas abateram 45,8 milhões de cabeças e o país acabou produzindo 4,1 milhões de toneladas, gerando um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 19 bilhões. Em 2020, a produção nacional prevista é de um aumento de até 6,5%, alcançando 4,25 milhões de toneladas. E as exportações do ano podem alcançar pela primeira vez um milhão de toneladas, nada menos do que 33% a mais do que o ano passado. “Já o consumo de carne suína em nosso país deverá se manter estável, em torno de 15,3 quilos por habitante ao ano”, completa Santin.
Não é à toa que as perspectivas de mercado para a proteína suína nesta década, assim como a construção de uma política segura e consistente de sanidade, qualidade e fornecimento, vão dominar uma boa parte dos debates da ‘Porkexpo 2021 & X Congresso Internacional de Suinocultura’, que vai ser realizada nos dias 24 e 25 de fevereiro, no Hotel Recanto Cataratas Thermas Resort & Convention, em Foz do Iguaçu (PR).
O evento vai reunir milhares de profissionais de vários países ligados à produção da carne mais consumida do planeta. Eles vão discutir o futuro do segmento dentro do tema proposto para esta edição: ‘2021 – O início de uma nova década de inovações para a Suinocultura’. “Agora, a tarefa é conquistar novos mercados, enfrentando de frente os pontos negativos de nossa indústria e destacando o profissionalismo e a alta capacidade que a suinocultura brasileira alcançou nesta última década. O ritmo de nosso crescimento deve ser mantido e acelerado. Temos poder de fornecimento e o mundo precisa de nossa carne. Chegou a hora de colocarmos um ponto final nos altos e baixos que os ciclos da nossa suinocultura sempre viveu”, analisa Flávia Roppa, Presidente do Congresso Internacional de Suinocultura.
“Avançamos na qualidade do animal ofertado pela granja, os abatedores têm um mix de mais de trezentos produtos, facilitando a conquista de novos consumidores. Sou otimista, mas não podemos descuidar do foco em custos e cumprimento da legislação”, opina Stephan Rohr, especialista da NeoConsulting.
No acumulado do ano, as vendas de carne suína seguem 37,01% acima de 2019. Foram 479,4 mil toneladas no primeiro semestre contra 349,9 mil toneladas do ano passado. Em receita, a elevação atingiu 52,5%, chegando quase a US$ 1,8 bilhão. As vendas para a Ásia chegaram a 374,5 mil toneladas no primeiro semestre, saldo 83,1% superior ao registrado em 2019. A China, maior importadora de carne suína do Brasil, foi destino de 230,7 mil toneladas no período, elevação de 150,2%. Hong Kong, no segundo posto, importou 18,6% a mais, com 92,9 mil toneladas. Outro mercados de destaque foram Singapura, Japão e Vietnã.
E a carne escala sem parar o mercado mundial. Em apenas duas semanas de julho, o volume exportado atingiu 70% de julho de 2019. Foram 41,49 mil toneladas, quantia equivalente a 67,47% do volume embarcado no mesmo mês do ano passado (que atingiu 61,48 mil toneladas). Segundo o analista de mercado da Agrifatto Consultoria, Yago Travagini, será mais um mês de recorde nas exportações do produto, podendo chegar à casa das 90 mil ou até 100 mil toneladas. “E a média diária paga pela carne suína exportada no mês vem sendo de US$ 10.866.858, 78% superior ao valor do mesmo mês do ano passado” comemora o analista de mercado da Agrifatto Consultoria, Yago Travagini.
A Pork 2020 está ligada em todas essas questões. "O produtor segue com margens positivas e é hora de trabalhar ainda mais pela carne do amanhã, que é a nossa missão. Esperamos todos em Foz do Iguaçu, para falarmos sobre o mercado nacional e internacional da nossa proteína”, convida Flávia Roppa.