A Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) tem tomado algumas medidas a fim de incluir, cada vez mais em sua atuação, as ferramentas digitais, e diante das recomendações quanto à pandemia, adaptar-se a uma nova forma de trabalho que se dá pelo universo virtual. Com o intuito de ampliar o alcance das suas ações, a ABCS convida toda a cadeia de valor para participar de um conjunto de Webinars que serão realizados em parceria com o portal 333 Brasil. O primeiro deles aconteceu na última quarta-feira (03/06) e teve como tema “Os desafios dos frigoríficos em tempos de COVID-19”. Ao total, foram 580 inscrições de 9 países, com média de 350 acessos simultâneos durante toda a programação.
Os especialistas técnicos convidados para a discussão, trataram das experiências dos frigoríficos no Brasil e nos Estados Unidos em relação à pandemia e os seus impactos, além de trazer orientações de ações para prevenção da COVID-19. O debate contou com a presença de Adriano Guahyba, auditor fiscal federal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Ana Viana, diretora do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA- MAPA), Eduardo Noronha, Global Head da JBS/USA e José Piva , gerente de serviços técnicos para as Américas da Pig Improvement Company (PIC) e a moderação foi realizada pela diretora técnica da ABCS, Charli Ludtke em parceria com Danielle de Sousa, gerente de comunicação e marketing ABCS.
O presidente da ABCS, Marcelo Lopes, ressaltou a importância da união da cadeia nesse tipo de iniciativa. “É uma oportunidade para a cadeia debater assuntos atuais e acompanhar as mudanças, se inspirando em experiências de outros países, nesse caso, dos Estados Unidos, que podem trazer bons cases para a atuação da suinocultura no Brasil. Esse e outros eventos acontecem graças ao apoio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (FNDS) e das empresas amigas”.
O encontro foi iniciado pela participação e compartilhamento de informações quanto às ações implementadas pelos frigoríficos no Brasil para enfrentamento da COVID-19. A diretora do DIPOA, no MAPA, Ana Lúcia Viana, listou as principais orientações para assegurar a continuidade do trabalho e a proteção dos servidores. Dentre elas, a disponibilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) pelas fábricas aos funcionários, assim como máscaras, luvas e produtos de higiene, aferição da temperatura antes do início da jornada de trabalho, frequência na higienização das instalações e distanciamento dentro nos transportes coletivos.
Adriano Guahyba complementou mencionando também outras recomendações do MAPA, como o respeito ao distanciamento social tanto na entrada do ambiente, quanto na saída com filas e locais marcados para as pessoas, além da vigilância do cumprimento das medidas de prevenção feita por fiscais. Ele também citou a troca de máscaras, que é feita cinco vezes por dia, a sanitização dos vestiários, a construção de barreiras entre os colaboradores durante suas atividades para manter o distanciamento, a reestruturação de áreas de lazer e refeição para áreas mais arejadas e a testagem rápida, com afastamento de funcionários positivos para a COVID-19 por no mínimo 14 dias, bem como aqueles que apresentam sintomas gripais.
Experiências dos Frigoríficos nos Estados Unidos
Os especialistas Eduardo Noronha e José Piva trouxeram a realidade dos frigoríficos nos Estados Unidos. Segundo eles, as ações são semelhantes às adotadas no Brasil com pequenas alterações. De acordo com Eduardo, na JBS o foco maior tem sido a produção de materiais para a educação dos colaboradores, realizando comunicados e lembretes físicos e virtuais, além de cartilhas em vários idiomas, distribuindo na empresa e também transmitindo esses materiais de maneira virtual. Ele comentou ainda que para realizar a educação e fiscalização foram contratadas mais de mil pessoas.
Quanto aos planos de contingência, Eduardo evidenciou a importância de medidas antecipadas. “Nosso primeiro objetivo é proteger as pessoas e manter o alimento na mesa com qualidade e com custo acessível. Essa pandemia está nos ensinando algumas coisas que vamos precisar mudar de forma estrutural. O impacto pode ser grande, então é preciso garantir medidas que possam diminuir esse impacto. Por isso, realizamos um protocolo que é enviado às JBS do mundo inteiro, com as devidas revisões conforme as legislações, montamos um comitê global de gestão de crise e comitês locais, realizamos coleta de dados, relatórios diários e abastecimento com as informações”.
Sobre a produção e o mercado, José Piva comentou que os frigoríficos tem sido menos prejudicados que os produtores e para manter os volumes de abate, estão operando também aos sábados. A média normal de abate antes da pandemia era de 500 mil suínos por dia e agora o abate é de 57% da capacidade normal. Ele também falou sobre a preocupação com o fluxo de saída dos animais das granjas e que a eutanásia tem acontecido, mesmo sendo o último recurso a ser utilizado.
Segundo Eduardo, os Estados Unidos estão em outro nível do ciclo de infecção e já está sendo possível voltar à normalidade em termos de produção, mas a volatilidade na demanda é grande. “Nos Estados Unidos a curva de contaminação já passou pelo pico. Portanto, estamos disponíveis para produzir mais próximo à capacidade normal em termos de capacidade produtiva. Em termos de demanda ainda não é 100%, porque depende da reabertura de economia, restaurantes e hotéis”.
Ao final do Webinar, os convidados deixaram mensagens de apoio à cadeia e estímulo à persistência no enfrentamento da COVID-19. Para Piva o apoio da comunidade em torno dos frigoríficos e granjas é importante, principalmente quanto à responsabilidade social para manter a produção funcionando. “Outro ponto importante é a utilização da ciência a favor da produção, como uma base para a tomada de decisões”, salientou.
Segundo Guahyba, o ideal é antecipar ações a partir do aprendizado está sendo construído. “É um desafio a nossa preparação diante da pandemia, considerando que a maior parte da população mundial nunca havia presencial um evento dessa proporção. É um processo de contínua educação inclusive para nós que somos da área da proteína animal”.
Ana Lúcia Viana falou sobre a necessidade de ações mais rápidas para superar eventos que possam vir novamente de maneira mais assertiva. “Estamos aprendendo dia após dia. O MAPA tem trabalhado duro pra que a gente possa passar esse momento de crise mais fortalecido como país, como produtor e o nosso agro como um todo”.
Para Eduardo Noronha, eventos como este vêm para agregar a toda a cadeia. “A gente aprende muito com a troca de informação, boas práticas e conhecimento. Esse tipo de evento tem muito valor, estamos aprendendo a lidar todos juntos. É bacana ver que como setor estamos bem alinhados e trabalhando na mesma direção”.
Nas palavras da diretora técnica da ABCS e moderadora Dra. Charli Ludtke, o essencial é manter essa comunicação entre o setor, para que ele se reinvente diante do cenário global. “Poder proporcionar um evento dessa magnitude, foi inimaginável. Temos muito a agradecer pela parceria da 333 e, em especial, aos palestrantes que proporcionaram o compartilhamento de suas experiências e desafios, diante de todo esse cenário global em que a COVID-19 vem causando grandes mudanças. O ponto importante, ao compararmos as ações adotadas pelo Brasil e as praticadas nos Estados Unidos, é a notória sinergia entre todo o setor. Assim, acredito que é essencial sempre buscarmos manter esse canal de comunicação aberto, proporcionando a fácil comunicação para compartilharmos experiências, aprendizados, e nos reinventarmos a cada dia.”
Acompanhe as nossas redes sociais e fique por dentro da programação dos Webinars. O próximo da série acontece no dia 17 de junho, com o tema “Desafios da Agroindústria Brasileiras para enfrentamento da COVID-19”.
05 de junho de 2020 / ABCS / Brasil.
http://www.abcs.org.br/