Avaliação da Eficácia do Uso de Gamaxine® no Desempenho de Leitões Desmamados

28-Out-2021
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Introdução

Para concorrer de forma participativa no mercado internacional, a empresa suinícola deve adaptar-se à tendência de uso restrito/consciente de antibióticos, mesmo conhecendo seus benefícios no desempenho animal (3). Entre as vantagens da utilização de aditivos naturais como promotores de crescimento, destacam-se a ausência do fenômeno de resistência bacteriana e a manutenção da produtividade dos animais (4).

Vários microrganismos são usados como probióticos, entre eles, as bactérias não-ácido-lácticas, como os Bacillus, cuja principal vantagem é sua capacidade de esporular, que lhes confere maior sobrevivência durante o trânsito estomacal e durante a elaboração, o transporte e o armazenamento das rações (2). Como os Bacillus spp são microrganismos não-colonizadores, seu principal modo de ação é a competição com outras bactérias por nutrientes (6).

Prebióticos, por definição, são ingredientes que não são digeridos pelas enzimas digestivas do hospedeiro, mas que são fermentados pela flora bacteriana do trato digestório, originando substâncias que estimulam seletivamente o crescimento e/ou atividade de bactérias benéficas e inibem a colonização de bactérias patógenas ou indesejáveis (5).

O GAMAXINE® é um aditivo prebiótico constituído por bactérias saprófitas inativadas e parede celular de levedura que favorece o equilíbrio da microbiota intestinal, desta forma proporcionando uma melhor proteção contra desafios entéricos e consequentemente melhorando o desempenho dos animais.

 

Materiais e Métodos

O experimento foi realizado numa granja comercial com três sítios e 1500 matrizes, localizada no estado de Minas Gerais (MG), com histórico de incidência de diarreias e taxa de mortalidade de maternidade acima de 8%. Foram utilizadas 86 leitegadas oriundas de matrizes entre a primeira e sexta parição, de forma equilibrada entre os tratamentos. Desta forma, foram avaliados 1056 leitões, divididos em 2 grupos, sendo que no Tratamento 1 (T1) os leitões receberam 2ml de GAMAXINE® por via oral logo após o nascimento (1ª dose) e repetida dose de 2ml por via oral com 15 dias de vida (2ª dose) e o Tratamento (T2) foi o grupo controle negativo. As matrizes entre terceira e sexta parição foram consideradas de uma mesma categoria de parto, mas distribuídas de forma equilibrada entre os tratamentos. Desta forma, quanto à parição, foi avaliado o desempenho de leitões oriundos de matrizes de primeira, segunda e de terceira a sexta parições.

Todos os 1056 leitões foram pesados ao nascer, individualmente, e identificados com brincos (uma cor de brinco para cada tratamento) distribuídos respeitando o critério da matriz de origem e peso final (aos 24 dias). Para esse experimento foram avaliados os seguintes parâmetros: percentual de incidência de diarreia, peso médio ao nascimento e desmame (individual e da leitegada com a respectiva média), índice de mortalidade, número de leitões medicados para diarreia, sendo comparados entre os tratamentos.

Todos os leitões que morreram também foram pesados e identificados na planilha com a respectiva data do óbito. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância utilizando-se o Programa de Análise Estatística e Genética – SAEG. Por se tratar de dois tratamentos, com coeficiente de variação para as variáveis estudadas inferior a 15%, foi utilizado o teste t para comparação de médias pela análise de variância. Para os dados que não permitiram análise paramétrica, foram utilizados testes estatísticos não-paramétricos, como o teste de Qui-quadrado.

 

Resultado e Discussões

 

I. Peso ao Nascimento e ao Desmame

Após os partos e o manejo de colostro, o excesso de leitões foi retirado das matrizes, permanecendo apenas o número de leitões correspondentes ao número de tetas viáveis. Desta forma, tivemos em média 12,19 e 12,39 leitões por matriz nos tratamentos 1 e 2, respectivamente. O peso médio individual destes leitões foi de 1,31 e 1,33 kg para os tratamentos 1 e 2, resultando em leitegadas com 15,97 e 16,48 kg ao nascimento.

Os tratamentos 1 e 2 desmamaram 11,23 e 11,06 leitões, não havendo diferença para a variável peso individual ao desmame (p=0,15), sendo 5,82 kg para T1 e 5,85 kg para T2, conforme a tabela 1.

 

Tabela 1. Dados médios de pesos individuais (kg) ao nascimento e aos 24 dias (média ± desvio padrão). Letras maiúsculas diferentes na mesma coluna indicam diferença estatisticamente significativa (p<0,05)

Ao se analisar o peso individual ao desmame é fundamental considerarmos também o peso da leitegada, uma vez que, quando se aumenta o número de leitões desmamados/matriz, espera-se uma queda no peso individual dos leitões ao desmame e não foi o que ocorreu com o grupo tratado com Gamaxine® (T1), pois mesmo tendo mais leitões que o grupo controle, o peso individual continuou estatisticamente igual.

A menor mortalidade em T1 (Gamaxine®) resultou num maior número de leitões desmamados neste tratamento. Assim, este tratamento teve uma leitegada mais pesada ao desmame, sendo 65,37 kg para T1 e 64,77 kg para T2 (p=0,05), conforme a tabela 2.

 

Tabela 2. Dados médios de pesos da leitegada (kg) ao nascimento e ao desmame (média ± desvio padrão). Letras maiúsculas diferentes na mesma coluna indicam diferença estatisticamente significativa (p<0, 05)

O peso dos leitões ao desmame é um importante parâmetro de predição para o peso na saída de creche, havendo uma forte correlação entre estes. Trabalhos da literatura (1) relatam que para cada 1 kg que se consegue agregar no peso ao desmame há um acréscimo de 1,9 kg no peso de saída de creche (56 dias de idade) e ao abate estes animais terão 4,2 kg de ganho adicional. Enfim, leitões mais pesados ao desmama crescem mais rápido e são menos susceptíveis a distúrbios digestivos e a diarreia.

 

II. Ocorrência de diarreia

A ocorrência de diarreias (Figura1) foi numericamente maior no grupo controle (T2) para todo o período experimental. (Gráfico 1).

 

Gráfico 1. Incidência de diareia em percentual nos tratamentos. Letras diferentes na coluna indicam diferença estatística (p < 0,05).

Figura 1. Frequência de diarreias para todo período experimental. Letras diferentes na coluna indicam diferença estatística (p< 0,05).

III. Mortalidade

Os tratamentos 1 e 2 apresentaram uma taxa de mortalidade na maternidade de 7,8% e 10,69%, respectivamente, sendo uma importante diferença (Gráficos 2 e 3).

 

Gráfico 2. Taxa de mortalidade em percentual nos tratamentos. Letras diferentes na coluna indicam diferença estatística (p< 0,05).

Gráfico 3. Taxa de mortalidade nos tratamentos. Letras diferentes na coluna indicam diferença estatística (p < 0,05).

A maioria da mortalidade nos tratamentos foi classificada como esmagados, diarreia e fraco/refugo, havendo um maior percentual de mortes por diarreia em T2 (T1 6% e T2 9%). Se observou diferenças numéricas entre os tratamentos para a variável leitão refugo como pode ser evidenciando nos gráficos 4 e 5.

 

Gráfico 4. Taxa de refugos em percentual nos tratamentos. Letras diferentes na coluna indicam diferença estatística (p < 0,05).

Figura 5. Taxa de refugo nos tratamentos. Letras diferentes na coluna

Conclusões

Os leitões tratados com Gamaxine® apresentaram leitegadas mais pesadas ao desmame. Somada a diferença de peso médio ao nascimento, as leitegadas tratadas com Gamaxine® foram desmamadas com 1.11Kg a mais na média, que o grupo controle. Utilizando os números da granja testada, ao final de um ano teremos aproximadamente 4.000,00 kg de leitão desmamado a mais.

O Tratamento 1 (Gamaxine®) apresentou uma menor mortalidade de maternidade (7,8%) em comparação ao grupo controle (10,69%), logo um maior número de leitões desmamados, 11,23 para 11,06 no grupo controle. Mantida essa melhora de 0,17 leitões desmamados por fêmea, ao final de um ano teremos aproximadamente 630 leitões desmamados a mais o que, em valores atuais, seria aproximadamente R$ 60.000,00 a mais no caixa da granja ao final do ano.

O Tratamento 1 (Gamaxine®) teve menor incidência de diarreias (-1,14) e menor porcentual de refugos (-1,87%) o que é um resultado extremamente importante para a sequência da cadeia de produção, pois quanto maior o número de animais viáveis na creche e terminação, melhores serão seus indicadores zootécnicos consequentemente mais baixo seu custo de produção que é traduzido em maior ganho financeiro.

 

REFERÊNCIAS:

(1) Cooper, D. R., Patience, J. F., Zijlstra, R. T., & Rademacher, M. (2001). Effect of nutrient intake in lactation on sow performance: determining the threonine requirement of the high-producing lactating sow. Journal of Animal Science, 79(9), 2378-2387.

(2) Cuevas, A.C.; Gonzales, E.A.; Huguenin, T.C. et al. El efecto del Bacillus toyoi sobre el comportamento productivo em pollos de engorda. Veterinária México, v.31, n.4, p.301-308, 2000.

(3) Fedalto, L.M.; Tkacz, M.; Ader, L.P. Probioticos na alimentação de leitões do desmame ao 63 dias de idade. Archives of Veterinary Science, v.7, p.83-88, 2002.

(4) Junqueira, Otto Mack, Barbosa, Luis Carlos Garibaldi Simon, Pereira, Adriana Aparecida, Araújo, Lúcio Francelino, Garcia Neto, Manoel, & Pinto, Marcos Franke. (2009). Uso de aditivos em rações para suínos nas fases de creche, crescimento e terminação. Revista Brasileira de Zootecnia, 38(12), 2394-2400. https://dx.doi.org/10.1590/S1516-35982009001200015.

(5) Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa 13/2004. Disponível em http://www.agricultura.gov.br/assuntos/insumos-agropecuarios/insumos-pecuarios/alimentacao-animal/arquivos-alimentacao-animal/legislacao/instrucao-normativa-no-13-de-30-de-novembro-de-2004.pdf.

(6) Sanches, A.L.; Lima, J.A.; Fialho, E.T. et al. Utilização de probiótico, prebiótico e simbiótico em rações de leitões ao desmame. Ciências Agrotécnica, v.30, n.4, p.774-777, 2006.

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