Endometrite e metrite em matrizes suínas: abordagem integrada e preventiva

14-Abr-2025
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O manejo eficaz dos distúrbios uterinos em suínos é essencial para garantir a saúde reprodutiva e o bem-estar dos animais, além de impactar positivamente a eficiência produtiva.

O trato reprodutivo de fêmeas suínas, como em outros mamíferos, possui uma comunidade de microrganismos, incluindo bactérias, vírus e fungos, chamada de microbiota, a qual coloniza o útero sem causar doença. Esses microrganismos são conhecidos como comensais, pois coexistem de maneira equilibrada com o hospedeiro e desempenham papeis importantes na manutenção da saúde uterina. Normalmente, há mais organismos na vulva e períneo e menos no colo do útero e no interior do útero, e, como mecanismo de proteção, existem barreiras anatômicas responsáveis por minimizarem a ascensão de bactérias em situações cotidianas, como exemplo dos lábios vulvares e colo do útero. No entanto, quando ocorrem situações estressantes, alterações hormonais, manejo reprodutivo inadequado, intervenções iatrogênicas, entre outras, uma mudança no número ou tipo de organismos pode ocorrer, o que é chamado de disbiose, desencadeando em infecção e inflamação uterina. 

Os distúrbios uterinos, especialmente endometrite e metrite, levam a falhas reprodutivas em rebanhos de porcas. A endometrite é uma inflamação mais superficial que envolve apenas o endométrio, enquanto a metrite está associada à inflamação de todas as camadas uterinas (endométrio, miométrio e perimétrio).  

Endometrite é uma das principais causas de sub- e infertilidade em espécies de animais domésticos. Esse estado patológico pode ocorrer após o parto e durante o puerpério, mas também após a inseminação artificial ou o acasalamento natural. A inflamação uterina pós-parto é uma resposta fisiológica que deve provocar uma resposta imunológica robusta para controlar bactérias patogênicas e prevenir disbiose. A eliminação de detritos, modulação da inflamação e remodelamento do tecido endometrial são essenciais para a involução uterina.  

Fatores que favorecem infecção bacteriana e desenvolvimento de endometrites/metrites: 

  • Práticas inadequadas de inseminação  
  • Contaminação do sêmen 
  • Más condições de higiene 
  • Parto prolongado 
  • Intervenção obstétrica 
  • Retenção de placenta 
  • Disfunção do sistema imunológico e/ou contratilidade miometrial inadequada. 

Os sinais clínicos de metrite incluem febre, falta de apetite, secreção vaginal purulenta ou fétida e aumento do tamanho do útero devido à inflamação. A presença de secreção vaginal anormal, especialmente quando persistente por mais de seis dias após o parto, pode indicar metrite puerperal. Outros sinais, como diminuição da ingestão de alimentos e febre também são comuns. 

Estes distúrbios reprodutivos são desafios importantes para a produção suína, afetando a fertilidade e o bem-estar das fêmeas. Estas condições podem levar a uma série de problemas reprodutivos e econômicos, impactando negativamente a saúde e a eficiência produtiva dos rebanhos. É muito importante reconhecer e tratar esses distúrbios reprodutivos o mais rápido possível para evitar efeitos negativos no ciclo reprodutivo subsequente e no desempenho da porca. 

Endometrites pós manejo reprodutivo interferem na fertilidade ao criar um ambiente sub-ótimo para o desenvolvimento embrionário e a placentação, e a endometrite crônica pode ter um impacto na sobrevivência do esperma e na capacidade de fertilização. No animal pós-parto, também podem ocorrer alterações na produção de leite e no comportamento materno, o que pode afetar a saúde e a sobrevivência da prole. 

Embora a endometrite seja frequentemente infecciosa, várias medidas de manejo no nível do rebanho podem ser estabelecidas para reduzir o risco de distúrbios uterinos em porcas. Dependendo do momento de ocorrência no ciclo reprodutivo, os conceitos de prevenção e controle devem ser adaptados. Higiene adequada nos alojamentos, qualidade ótima do ar e fluxo de ar são fatores que devem ser estabelecidos em rebanhos problemáticos. Além disso, a contaminação por micotoxinas na alimentação deve ser avaliada. 

Vários estudos avaliaram o tratamento profilático com AINEs (anti-inflamatórios não esteroidais) durante o período periparto (Claeyé et al., 2015; Plush et al., 2021; Schoos et al., 2020; Ward et al., 2022; Will et al., 2023). Existem duas enzimas que são mediadores importantes em processos inflamatórios e homeostáticos, as chamadas ciclooxigenases (COX-1 e COX-2), sobre quais estes anti-inflamatórios atuam.  

  • COX-1 (Ciclooxigenase-1): É expressa constitutivamente em muitos tecidos e está envolvida na regulação de funções normais como proteção da mucosa gástrica, manutenção da função renal e agregação plaquetária.  
  • COX-2 (Ciclooxigenase-2): É geralmente induzida por estímulos inflamatórios, e é responsável pela produção de prostaglandinas que mediam a inflamação, dor e febre.  

A maioria dos AINEs, como flunixin meglumine e o diclofenaco, age bloqueando tanto a enzima COX-2 como a enzima COX-1, sendo esta última responsável pela produção de substanciais fisiologicamente protetoras. Com o bloqueio indesejável da COX-1, efeitos colaterais como gastrites difusas, erosões gástricas, ulcerações, gastroenterite hemorrágica fatal, falhas renais agudas, injúrias renais crônicas, síndromes necróticas e nefrites podem ser observados (Spinosa et al., 2006). 

Com o propósito de Reimaginar a Saúde Animal, a Ourofino desenvolveu o Maxicam 2%, um anti-inflamatório não esteroidal à base de meloxicam, que age bloqueando apenas a enzima COX-2. Maxicam 2% atua na mediação da dor, febre e inflamação, garantindo proteção gástrica e minimizando inúmeros efeitos colaterais, e, dessa maneira, proporcionando maior bem-estar aos animais.  

O Maxicam 2% possui uma excelente ação analgésica, antipirética e antiexsudativa, portanto é um produto completo, com grande eficiência, e ao mesmo tempo seguro. Por se ligar fortemente às proteínas plasmáticas, sua meia-vida de 24h garante ação anti-inflamatória potente e duradoura, além de facilitar o manejo para tratamento dos animais. Este medicamento deve ser administrado pela via intramuscular, na dose 2 mL para cada 100 kg de peso corporal (0,4 mg de Meloxicam por kg de peso corporal), sempre atendendo à orientação do médico veterinário. 

O manejo eficaz dos distúrbios uterinos em suínos é essencial para garantir a saúde reprodutiva e o bem-estar dos animais, além de impactar positivamente a eficiência produtiva dos rebanhos. Portanto, integrar Maxicam 2% ao manejo reprodutivo e ao tratamento de distúrbios uterinos representa um avanço significativo na saúde suína, proporcionando melhores resultados reprodutivos e um ambiente mais saudável para as fêmeas. O reconhecimento precoce e o tratamento adequado desses distúrbios são fundamentais para a otimização da produção e a manutenção do bem-estar dos rebanhos. 

Texto escrito por Marina Lopes Mechler Dreibi, Pesquisadora P&D Pl - Desenvolvimento Bioanalitico.

 

Literatura consultada 

Claeyé, E., Beek, J., Meyns, T., & Maes, D. (2015). Effect of ketoprofen treatment in the prevention of postpartum dysgalactia syndrome in sows. Vlaams Diergeneeskd. Tijdschr., 84, 127–132. https://doi.org/10.21825/VDT.V84I3.16600    

Gilbert, R. O., & Santos, N. R. (2016). Dynamics of postpartum endometrial cytology and bacteriology and their relationship to fertility in dairy cows. Theriogenology, 85(8), 1367–1374. https://doi.org/10.1016/j.theriogenology.2015  

Kolaczkowska, E., & Kubes, P. (2013). Neutrophil recruitment and function in health and inflammation. Nature Reviews. Immunology, 13(3), 159–175. https://doi.org/10.1038/nri3399  

Morris, C., Watson, K., Schwartz, D., & Pereira, R. (2023). Nonpuerperal chronic endometritis with pyometra causing systemic illness in a production sow. Clinical Theriogenology, 15.  https://doi.org/10.58292/ct.v15.9806 

Pascottini, O. B., Aurich, C., England, G., & Grahofer, A. (2023). General and comparative aspects of endometritis in domestic species: A review. Reproduction in Domestic Animals, 58, 49-71. https://doi.org/10.1111/rda.14390  

Plush, K. J., Pluske, J. R., Lines, D. S., Ralph, C. R., & Kirkwood, R. N. (2021). Meloxicam and dexamethasone administration as anti-inflammatory compounds to sows prior to farrowing does not improve lactation performance. Animals, 11(8), 2414. https://doi.org/10.3390/ani11082414  

Schoos, A., Chantziaras, I., Vandenabeele, J., Biebaut, E., Meyer, E., Cools, A., Devreese, M., & Maes, D. (2020). Prophylactic use of meloxicam and paracetamol in Peripartal sows suffering from postpartum Dysgalactia syndrome. Frontiers in Veterinary Science, 7, 603719. https://doi.org/10.3389/fvets.2020.603719  

Spinosa, H. D. S., Górniak, S. L., & Bernardi, M. M. (2006). Farmacologia aplicada à medicina veterinária. 

Ward, S. A., Kirkwood, R. N., Song, Y., Garg, S., & Plush, K. J. (2022). Effect of dexamethasone and route of administration on sow farrowing Behaviours, piglet delivery and litter performance. Animals, 12(7), 847. https://doi.org/10.3390/ani12070847  

Will, K. J., Magoga, J., De Conti, E. R., da Rosa Ulguim, R., Mellagi, A. P. G., & Bortolozzo, F. P. (2023). Relationship between dexamethasone treatment around parturition of primiparous sows and farrowing performance and newborn piglet traits. Theriogenology, 198, 256–263. https://doi.org/10.1016/j.theriogenology.2022    

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