5 dicas para uma suinocultura de sucesso
A indústria suína enfrentou desafios nos últimos anos, mas com estes surgem oportunidades para melhorar e inovar. Foi com esse pensamento norteador que especialistas em suinocultura ao redor do mundo se reuniram no Alltech ONE Conference, que ocorreu de 22 a 24 de maio em Lexington, Kentucky (EUA), para debater temas como a melhoria da saúde e eficiência produtiva até o desenvolvimento de tecnologias que permitirão construir um futuro melhor para os futuros produtores.
Óxido de Zinco proibido?
A proibição do óxido de zinco foi um dos tópicos abordados. Sobre ele, a diretora global da plataforma de saúde intestinal da Alltech, Dr. Jules Taylor-Pickard abordou as implicações globais dessa proibição, assim como as alternativas nutricionais que vem sendo desenvolvidas pela agroindústria. Segundo ela, o óxido de zinco vem sendo utilizado nas rações iniciais na fase de creche com o intuito de proteger contra desafios intestinais e manter o ganho de peso. “As razões pelas quais os países estão banindo a utilização de óxido de zinco são múltiplas, começando pelos riscos de toxicidade ao leitão. Estudos também apontam problemas com resistência a antibióticos e mudanças na microbiota intestinal. A solução mais promissora se baseia em um plano de ação sob medida para reduzir o uso do óxido de zinco nas propriedades. Em sua palestra, Dr. Jules abordou o tema relatando a experiência com a redução do uso de óxido de zinco em dietas de leitões a partir de uma perspectiva europeia.
“Tem sido um processo gradual de redução dos níveis, trabalhando com os clientes, focando nos desafios específicos de cada produtor, para que seja possível manter a lucratividade sem o uso de oxido de zinco”.
Sustentabilidade e tecnologia em alta
Outro tema de destaque nas apresentações foi a sustentabilidade, onde foram discutidas as novas metas para o futuro da produção de carne suína. A vice-presidente de sustentabilidade da National Pork Board, Ashley McDonald, explicou que pesquisas realizadas nos EUA revelaram que a produção de carne suína no País melhorou exponencialmente, utilizando 75% menos terra, 25% menos água, 7% menos energia e reduzindo em 8% as emissões de carbono. De acordo com a executiva, plataformas de monitoramento têm sido grandes aliadas nos avanços relacionados à sustentabilidade das granjas. “Através da plataforma Wecare, os produtores de suínos têm acesso a milhares de informações e estudos realizados, que incluem segurança alimentar, bem-estar animal, saúde pública e meio ambiente. Esse é o compromisso da indústria suína dos EUA em fazer o que é certo para os suínos, as pessoas e o planeta”, complementa.
A sustentabilidade também foi tema da apresentação da gerente de sustentabilidade da Iowa Select Farms, Erica Lain. De acordo com ela, a implantação de ações sustentáveis é mais simples do que parece. “Basta você aplicar a sustentabilidade dentro da sua realidade: crie um mapa de negócios, tenha certeza de incluir o que faz sentido para o seu negócio. Para isso, entenda o seu público; pesquise e veja o quão engajadas as pessoas estão com o tema; o que você pode fazer de diferente para que saia na frente; construa uma cultura sustentável; e seja referência em seu negócio”, enumerou a especialista.
Para que o produtor possa implementar um plano consistente de sustentabilidade, ele precisa ter os dados nas mãos, de forma fácil e rápida. Por isso, o técnico da The Hanor Company, Dr. David Rosero, trouxe o conceito de fazenda digital inteligente, que vem transformando a maneira de se trabalhar e facilitando a coleta de dados, trazendo maior agilidade e contribuindo para uma melhor produtividade. De acordo com ele, as novas tecnologias têm permitido que os produtores tenham acesso em tempo real aos dados de qualidade, nutrição e cuidados em geral.
“A fazenda digital inteligente auxilia nas coletas de dados, mas também nas complexidades das taxas e variações que podem ocorrer na produção. É você estar conectado 24 horas por dia, podendo tomar decisões significativas para o seu negócio”, explica.
Nutrição melhora a saúde e a produtividade
Com o aumento dos preços das comodities, as enzimas chegaram para ficar, e a Xylanase é uma delas. Mas será que ela faz juz à fama? De acordo com a professora da Texas Tech University, Dra. Amy Petry, a resposta é sim. “Estudos apontam que Xylanase pode fazer mais do que apenas melhorar a digestibilidade da fibra. Além disso, foi observada redução na mortalidade do rebanho ao utilizar probióticos com a inclusão de Xylanase”, explica.
Quem também subiu ao palco da sessão de suinocultura foi a pesquisadora em lactação de suínos, Chantal Farmer. De acordo com ela, o planejamento adequado para o desenvolvimento de matrizes em lactação leva à lucratividade e à sustentabilidade a longo prazo.
“Mudar a forma como alimentamos nossas marrãs pode aumentar a sua produção de leite. Ao alimentá-las a partir dos 90 dias com 26 g/d SID LYS (Lisina Digestível Ileal Padronizada) via farelo de soja e 10% de linhaça na gestação pode aumentar a mama, assim como a produção de leite, e contribuir para o bom desenvolvimento da prole”, afirma.
Demanda dos consumidores de carne suína
A pandemia de Covid-19 mudou radicalmente as tendências do consumidor e as preferências de proteína, principalmente guiadas pelo aumento significativo nos preços da carne, fazendo com que consumidores buscassem proteínas animal com preços mais acessíveis. De acordo com a Vice-Presidente para mercado doméstico e desenvolvimento de estratégias da National Park Board, Kiersten Hafer a carne suína tem aproveitado o momento para alcançar um maior protagonismo. “O trabalho de posicionamento nas gôndolas dos supermercados foi um dos passos que foram tomados para melhor visibilidade e promoção do produto.” Além desse trabalho nos supermercados, Hafer explica que o setor tem investido também no relacionamento com restaurantes e no desenvolvimento de propagandas para a TV.
“Estamos investindo para que a carne suína tenha seu posicionado merecido, atualmente estamos em um crescimento orgânico, mas é com a colaboração de todos que chegaremos mais longe”, conclui.
Biossegurança e controle de doenças na suinocultura
Proteger o rebanho de matrizes vem sendo um desafio importante, especialmente porque a peste suína africana e outras doenças continuam se espalhando pelo mundo. Esse foi o tema abordado pelo professor da Kansas States University, Dr. Jordan Gebhardt. De acordo com ele, existem medidas que os produtores podem adotar para proteger seus rebanhos. “Práticas como troca e esterilização de roupas e calçados, banho para entrar e sair da granja e esterilização de todos os materiais, fazem com que seja possível manter os patógenos longe, prevenindo tanto a infecção quanto a disseminação de doenças e vírus contagiosos”, afirma.
O elevado índice de mortalidade das matrizes é um problema que afeta também toda a indústria. De acordo com o professor de fisiologia da Iowa State University, Jason Ross, o prolapso de órgãos pélvicos é um dos principais problemas, e que além de ser complexo e surgir devido a variados fatores, pode afetar os sistemas reprodutivo e imunológico, gerando danos às fêmeas reprodutoras e à produtividade do plantel.
“Procurar e tratar individualmente os animais com tratamentos exclusivos para cada desafio, principalmente na produção e gestação, podem reduzir significativamente as taxas de mortalidade. Isto não é tão complicado quanto parece, basta sinalizar as matrizes que estão sendo tratadas. Essas iniciativas contribuem diretamente no seu processo de produção. Além disso, uma nutrição estratégica, focada nos desafios de cada animal lhe dará um retorno significativo."
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A próxima edição do Alltech ONE Conference será realizada de 21 a 23 de maio de 2023 em Lexington, Kentucky (EUA).
Assista o vídeo com os melhores momentos da edição de 2022.
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