Suinocultura gaúcha: o papel da sanidade e da abertura de mercados no crescimento do setor

27-Fev-2025
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Temos no Brasil condições excepcionais e todos dizem que nosso país é a bola da vez.

Como presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do RS reconheço a importância do mercado interno para o Rio Grande do Sul e para o Brasil. Entretanto, é preciso refletir sobre o papel das exportações: Enquanto no mercado doméstico dependemos de um maior poder aquisitivo, hábitos de consumo para ter uma maior participação da carne suína na comparação com outras proteínas (aves e bovina). Depender dessas mudanças traz pouco respaldo para investir forte no aumento de produção. Em contrapartida, no mercado externo, a abertura de mercados dá vazão para um grande volume. Como exemplo podemos citar o aumento de volume exportado pelo Brasil de 2019 para 2020, saímos de 750 mil toneladas para 1,024 milhão de toneladas, um aumento de 36,6%. Desde então não baixamos os volumes exportados. A exportação é um regulador de mercado, enquanto esperamos a economia interna melhorar, temos a abertura de mercados para animar as indústrias a produzir mais.

Neste sentido, há uma justa preocupação com as questões sanitárias e o avanço de status internacional. Em 2015 o Rio Grande do Sul foi, junto com Santa Catarina, a primeira região a ser certificada pela Organização Mundial de Saúde Animal como Livre de Peste Suína Clássica. Já em 2021, o estado recebeu o selo de livre de Febre Aftosa Sem Vacinação, um passo ainda mais importante para a abertura de novos mercados.

Foi uma longa discussão no setor, que tinha dúvidas sobre a segurança da retirada da vacina. Mas tínhamos certeza de que ao não dar esse passo, o estado ficaria isolado, observando o crescimento de Santa Catarina e Paraná. Aparadas as arestas, podemos ver que o Rio Grande do Sul vem colhendo frutos e ainda há muito pela frente. Em 2007, ano em que Santa Catarina suspendeu a vacinação, o Rio Grande do Sul exportava 100 mil toneladas a mais do que o estado vizinho, que veio ano a ano aumentando as vendas, e hoje representa mais de 50% dos volumes exportados pelo Brasil, graças à credibilidade conquistada e consequentemente o acesso a novos mercados. Em 2021, o RS retirou a vacina e já tem novas conquistas. Mesmo assim, em 2023, exportou menos da metade dos volumes de SC.

Mas a tendência é de que alcancemos Santa Catarina em dois ou três anos, em termos de aprovações internacionais. O reconhecimento e abertura de mercados é lento, está calcado na credibilidade, no compromisso que têm o Estado e o País com a sanidade, com a transparência, e sobre como trata qualquer episódio. É confiança! Tendo isso, o resto vem naturalmente.

Temos no Brasil condições excepcionais e todos dizem que nosso país é a bola da vez. Na Europa há problemas de mão de obra, energia, sanidade e pouca área para expansão. Países como Espanha, que é o maior produtor europeu, sofre com Síndrome Respiratória e Reprodutiva Suína (PRRS), na Itália e Alemanha tem a Peste Suína Africana e agora este último, o surgimento de Febre Aftosa. Já nos Estados Unidos, é a Diarreia Epidêmica Suína que causa prejuízos. Há muito para crescer. Temos espaço, grãos, clima, cultura, água e somos muito competitivos no mercado internacional.

Em 2024 as exportações brasileiras passaram de 1,35 milhões de toneladas. O marco de um milhão de toneladas ocorreu por conta da PSA na China em 2020. A produção chinesa foi retomada e as importações diminuíram, mas as exportações brasileiras não recuaram, novos mercados foram abertos ou incrementaram seus volumes de importação, dentre eles, Chile, México, Japão, Coreia, Estados Unidos, Filipinas, República Dominicana e Porto Rico. É como uma frase que usamos nesse mercado, "a melhor opção é ter mais opções".

Precisamos estar atentos e fomentando, cada vez mais, a sanidade. É esse o nosso passaporte para novos mercados e para o crescimento do setor.

 

Texto escrito por José Roberto Goulart, Diretor Presidente da Alibem e Presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do RS.

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