Benefícios do uso de leveduras vivas na suinocultura

19-Mar-2025
X
XLinkedinWhatsAppTelegramTelegram
Uma forma para sustentar o crescimento do peso da leitegada ao nascimento refere-se ao uso de leveduras vivas na alimentação das fêmeas suínas durante a gestação e lactação.

Nas últimas décadas, o tamanho da leitegada e o número de leitões desmamados por matriz/ano foram consideravelmente melhorados, principalmente devido à maior produtividade da matriz visando esta característica nos processos de seleção. Com um aumento de 0,2 leitões/ano nos últimos 20 anos. Realizando uma comparação com dados brasileiros apresentados por Agriness (2022), podemos observar que o número médio de nascidos vivos/fêmea/ano no Brasil foi de 27,22 leitões em 2008, para 35,38 leitões em 2022, incremento de 30% nestes 14 anos. Neste mesmo período, houve uma redução do peso médio do leitão ao nascimento de 1,47kg em 2008 para 1,34kg em 2022, uma perda de 130gr/leitão nascido vivo, ou de 8,84%. Se avaliarmos a média dos 10 melhores resultados no Brasil de granjas quanto ao números de nascidos vivos, em 2022 estes números se acentuam para 42,21 letões/fêmea ano, com um peso médio de nascidos totais de apenas 1,32kg/leitão.

O aumento do tamanho da leitegada levou inevitavelmente a uma redução no peso médio de nascimento dos leitões e a uma escalada na variabilidade de peso desta leitegada. Analisando os dados de Beaulieu et al. (2010), o peso ao nascer e o tamanho da leitegada são características importantes para a produtividade. Fica claro que elevar o peso geral da leitegada possui uma medida de correlação muito elevada com o peso ao abate, pois animais mais pesados ao nascer irão possuir um melhor volume de fibras musculares de qualidade que sustentaram o crescimento futuro deste animal (Rehfeldt & Kuhn, 2006).

Uma forma para sustentar o crescimento do peso da leitegada ao nascimento refere-se ao uso de leveduras vivas na alimentação das fêmeas suínas reprodutoras durante a gestação e lactação. De acordo com Hiscocks et al. (2023), embora haja muitos fatores que possam afetar o peso do desmame, o uso de leveduras vivas deve ser algo a ser considerado como uma importante ferramenta para elevá-lo.

De acordo com os autores, em um estudo norte-americano, analisou-se a suplementação de levedura viva por meio de um período de 18 dias de lactação. Os resultados mostraram que as taxas de crescimento em maternidade de leitões proveniente de matrizes alimentadas com leveduras vivas foram melhoradas em 6% em relação aos leitões controles (0,30 kg extras em peso à desmama). Além disso, os leitões das matrizes suínas alimentadas com levedura viva tiveram uma mortalidade reduzida antes do desmame em comparação com os leitões do grupo controle. Esta redução da mortalidade pré-desmame resultou em 0,5 leitões a mais por desmame. Trabalhos europeus mostraram que para leitões desmamados com idades mais elevadas (> 21 dias), a taxa de crescimento pré-desmame aumentou (+ 12%) e houve um volume extra de 0,4 leitões desmamados quando as matrizes foram alimentadas com levedura viva durante o período de lactação. Com base em três ensaios, o ganho de peso médio ao desmame foi de +0,86 kg/suíno

Em outro trabalho, o uso associado de levedura viva durante a fase de gestação, gerou um benefício de até 3.1 kg de peso de leitegada.

Uma importante pergunta que resta ser respondida seria: Por que a levedura viva beneficia a matriz suína a ponto de elevar o peso ao nascimento da leitegada e melhorar sua performance na maternidade?

Existem diferentes razões para os resultados apresentados nestes trabalhos, essencialmente a levedura viva é um probiótico e atua como aglutinante de patógenos por meio de seus oligossacarídeos mananos exclusivos na parede celular externa, o que reduz a população de patógenos no lúmen intestinal. As leveduras atuam igualmente como um eliminador de oxigênio, o que suprimem o crescimento de bactérias indesejáveis, enquanto mudam o ambiente intestinal para mais favorável à fermentação de fibras, pois a maioria da microbiota fermentadora de fibras é anaeróbica e prefere um pH mais baixo do que a microbiota patogênica. O ambiente luminal favorável para bactérias degradadoras de fibra pode resultar em maior hidrólise da fibra em detergente neutro, em níveis mais altos de produção de ácidos graxos voláteis e, portanto, em um nível mais alto de extração de energia nos materiais de alimentação, que pode ser desperdiçado. Ambos os modos de ação são fundamentais para apoiar as necessidades do animal durante períodos estressantes.

Se necessitam de mais detalhes sobre os dados descritos anteriormente, por favor, entrem em contato com um representante de AB Vista, estaremos sempre a sua disposição.

 

Bibliografia Citada:

Agriness. Melhores do ano, https://melhores.agriness.com/relatorio/, 2022.

Beaulieu AD, Aalhus JL, Williams NH, Patience JF. Impact of piglet birth weight, birth order, and litter size on subsequent growth performance, carcass quality, muscle composition, and eating quality of pork. Journal of Animal Science, Volume 88, Issue 8, August 2010, Pages 2767–2778.

Hiscocks S, Merriman LA, Cordero G, Wilcock P, Ajuwon K, Becker S. Live Yeast (Saccharomyces Cerevisiae) Improves Body Condition Score and Reduces Rectal Temperature in Sows at Weaning. Journal of Animal Science, Volume 101, Issue Supplement_2, November 2023, Pages 311–312,

Rehfeldt C, Kuhn G. Consequences of birth weight for postnatal growth performance and carcass quality in pigs as related to myogenesis. Journal of Animal Science, Volume 84, Issue suppl_13, April 2006.

 

Texto escrito por Alexandre Barbosa de Brito, Miliane Alves da Costa, Ingrid Martinez, AB Vista LATAM.

X
XLinkedinWhatsAppTelegramTelegram
curtidascomentáriosFavoritos

Contato:

Entre em contato conosco através do formulário