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Vacinas autógenas: do diagnóstico à produção e uso

As vacinas autógenas estão preenchendo as lacunas deixadas pelas vacinas registradas. A incorporação de cepas próprias da granja as tornam muito específicas e versáteis.

As vacinas autógenas receberam vários nomes (autovacina, vacina autóloga, vacina de rebanho ou de emergência, vacina sob medida, etc.) e definições. No entanto, como seu uso e produção em medicina veterinária são regulamentados, devemos considerar a definição legal: "vacinas atógenas são vacinas monovalentes ou polivalentes, inativadas, imunogênicas, não tóxicas e inócuas, produzidas a partir de microorganismos isolados e identificados de animais sacrificados ou enfermos, em uma determinada propriedade na qual esteja ocorrendo enfermidades específicas, cultivadas em substratos especiais e utilizadas para controle ou prevenção de enfermidades na espécie alvo, especificamente na propriedade alvo ou propriedades adjacentes" (Instrução Normativa Nº 31, de 20 de maio de 2003 - Ministério da Agricultura e Pecuária, Secretaria de Defesa Agropecuária).

Assim, as vacinas autógenas são um tipo de vacina:

  • Destinado a uma granja ou grupo de granjas epidemiologicamente relacionadas;
  • Inativadas;
  • Preventiva em sua qualidade de vacinas.

A incorporação de cepas de patógenos, bactérias ou vírus da própria granja, os torna muito específicas e versáteis. É possível incluir vários agentes diferentes ou variantes antigênicas do mesmo agente na mesma vacina, o que geralmente é feito em processos multifatoriais.

Não são produtos industriais. São vacinas sob medida produzidas sob demanda e prescrição veterinária prévia para uma ampla variedade de espécies animais e patógenos e em quantidades variáveis. Isso permite que sua composição seja atualizada incluindo as novas cepas que aparecem na granja.

O fato de serem inativadas significa que geralmente são formulados com adjuvantes, necessários para potencializar a resposta imune, e que em mamíferos e aves são quase sempre aplicados por via parenteral. Da mesma forma, a inativação os torna muito seguros, pois nunca podem reproduzir a doença que pretendem controlar.

Quando aplicá-las?

Teremos que nos ater novamente aos aspectos legais além das indicações técnicas, mas de forma geral podemos dizer que elas vêm para preencher as lacunas deixadas pelas vacinas registradas e podem ser utilizadas nos seguintes casos:

  • Se não houver vacina comercializada para aquela espécie animal e aquela indicação. Um exemplo claro seriam as autovacinas contra Staphylococcus hyicus, Brachyspira hyodysenteriae ou Metamycoplasma hyosynoviae.
  • Quando as vacinas registradas não incluem as variantes antigênicas da granja e não há imunidade cruzada entre elas. As variantes podem ser determinadas pelo sorotipo, pelas toxinas ou pelos fatores de virulência que carregam. Seria o caso do Streptococcus suis, Actinobacillus pleuropneumoniae ou Glaesserella parasuis, entre outros.
  • Havendo vacina comercial adequada, a vacina autógena só poderá ser utilizada caso a primeira não tenha surtido efeito, prévia demonstração e notificação da referida falta de eficácia.

Processo de produção de uma vacina autógena

O protocolo completo (Tabela 1) envolve uma série de etapas nas quais vários atores estão envolvidos:

  • O veterinário. Ele é responsável por detectar o processo na granja, colher as amostras, prescrever a vacina e supervisionar ou executar sua aplicação.
  • o laboratório de diagnóstico. Ele fará as análises e o isolamento das cepas.
  • O laboratório produtor de vacinas autógenas. Pode ser igual ou diferente do diagnóstico. Ele deve estar autorizado e se encarregará de desenhar a composição da vacina (de acordo com o veterinário e de acordo com os resultados dos diagnósticos) e fabricá-la.

Tabela 1. Processo de produção de uma vacina autógena.

Ator Passo Descrição

Veterinário Presença de animais doentes com sintomas evidentes O veterinário faz o diagnóstico clínico

Veterinário Coleta as amostras Envio ao laboratório

Laboratório de diagnóstico Diagnóstico laboratorial Diferencial, isolamento e caracterização das cepas

Laboratório fabricante de vacina autógena Desenho da vacina autógena ñ Definir quais cepas, sorotipos, etc. serão incluídos

Veterinário Pedido Sempre sob prescrição veterinária

Laboratório fabricante de vacina autógena Fabricação Seguindo protocolos de produção padronizados

Laboratório fabricante de vacina autógena Controle de qualidade Composição, inativação e esterilidade do produto injetável final

Veterinário Envio e aplicação É enviado ao proprietário ou veterinário, é aplicado de acordo com o protocolo estabelecido

Pontos-chave para que a vacina autógena tenha alta probabilidade de sucesso

1. Abordagem diagnóstica

Será diferente dependendo do processo patológico, mas começa orientando a amostragem na granja. O laboratório deve informar que tipo e quantidade de amostras coletar e que tipo de animais. É importante analisar mais de um lote de animais ou lotes de diferentes fases de produção. Sempre será feito um diagnóstico diferencial completo de laboratório para identificar todos os agentes que podem causar o processo clínico observado, levando em consideração que muitas patologias são multifatoriais e que podem haver processos subjacentes. Para a vacina autógena é necessário identificar as variantes antigênicas sempre que possível e realizar o isolamento em cultura de todas as cepas identificadas e caracterizá-las adequadamente. As cepas serão mantidas para poder preparar lotes de vacina conforme necessário.

2. Processo de fabricação

Dependerá do "know-how" de cada laboratório, mas em qualquer caso deve ser especificamente adaptado a um grande número de diferentes isolados bacterianos ou virais, sorotipos, toxinas ou suas combinações. Há uma série de etapas, cada uma delas com variáveis ​​determinantes para a qualidade e eficiência do lote produzido. Levará entre 4 e 6 semanas.

Figura 1. Esquema de fabricação de uma autógena.
Figura 1. Esquema de fabricação de uma autógena.

3. Protocolo de aplicação

Como qualquer outra vacina, as vacinas autógenas devem ser integradas ao programa de controle sanitário da granja, que deve ser aplicado correta e continuamente, seguindo as indicações do laboratório e do veterinário, para observar os resultados a médio-longo prazo.

Podemos concluir que as vacinas autógenas são uma ferramenta, por vezes imprescindível, com a qual devemos contar dentro das estratégias de controle sanitário. Desde que sejam prescritos após um diagnóstico correto e completo e com uma aplicação adequada na granja, são altamente eficazes na prevenção de muitos processos infecciosos, além de rentáveis.

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