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A importância da uniformidade e da qualidade da mistura na produção de rações para suínos

Uniformidade e qualidade desempenham um papel fundamental no sucesso, tanto da fábrica de ração quanto da granja. A qualidade da ração para suínos começa com uma formulação adequada da dieta, que deve atender às necessidades nutricionais dos animais em cada etapa da vida; e um processo de mistura eficiente garante uma distribuição uniforme dos nutrientes, impactando diretamente o desempenho produtivo, a saúde e o bem-estar dos animais, além da eficiência econômica.

A fabricação de rações compostas é um processo-chave na produção de suínos, em que a uniformidade e a qualidade da mistura desempenham um papel fundamental no sucesso, tanto da fábrica de ração quanto da granja.

Um processo de mistura adequado garante uma distribuição uniforme dos nutrientes e tem impacto direto sobre o desempenho produtivo, a saúde e o bem-estar dos animais, além da eficiência econômica.

Uma mistura deficiente pode comprometer a eficiência alimentar, afetando a rentabilidade da produção suinícola. Este artigo explora os fatores que influenciam o processo de mistura e seu impacto tanto na fábrica quanto na granja.

A qualidade da ração para suínos começa com uma formulação nutricional adequada, que deve atender às necessidades dos animais em cada fase da vida. No entanto, uma mistura inadequada pode comprometer a eficácia da formulação original, gerando segregação de ingredientes que afeta a digestibilidade e a saúde dos suínos. Por outro lado, uma mistura homogênea garante que cada animal receba uma dose constante de nutrientes, otimizando sua saúde e desempenho.

O processo de mistura na fábrica

O processo de mistura é um dos mais críticos na fabricação de rações compostas. O principal objetivo é garantir a distribuição uniforme de todos os ingredientes — desde os macronutrientes (cereais, proteínas, minerais, aminoácidos e gorduras) até os micronutrientes (vitaminas, minerais traço, enzimas e aditivos). Uma mistura deficiente pode resultar em variações nutricionais que afetam a saúde e o desempenho dos animais.

A escolha do misturador é fundamental e deve levar em consideração as características dos ingredientes e as exigências da produção. Os modelos mais comumente utilizados são os misturadores horizontais de pás ou helicoidais.

  • Os misturadores de pás são ideais para ingredientes de maior viscosidade ou densidade, pois geram um movimento mais agressivo que facilita a incorporação homogênea.
  • Já os misturadores helicoidais são mais adequados para materiais de menor densidade.
Figura 1. Na imagem à esquerda, misturadora horizontal de um eixo com pás (Imagem: catálogo da Buhler AG). À direita, misturadora helicoidal (Imagem: catálogo da Flowtec).
Figura 1. Na imagem à esquerda, misturadora horizontal de um eixo com pás (Imagem: catálogo da Buhler AG). À direita, misturadora helicoidal (Imagem: catálogo da Flowtec).

O tempo de mistura é um fator-chave para garantir a uniformidade da ração. Um tempo insuficiente pode gerar uma distribuição desigual dos ingredientes, comprometendo a qualidade do produto final. Por outro lado, um tempo de mistura excessivo pode degradar a estrutura dos ingredientes e afetar suas propriedades nutricionais.

É essencial controlar com precisão tanto o tempo quanto as condições de mistura para assegurar uma mistura homogênea — especialmente considerando que esses parâmetros podem variar conforme a composição da ração.

Groesbeck et al. (2007) realizaram um estudo para avaliar como o tempo de mistura influencia na uniformidade da ração. Ao analisar o teor de proteína bruta em rações misturadas por diferentes períodos, observaram que o aumento no tempo de mistura melhorava a distribuição uniforme da proteína.

Gráfico 1: Mostra a variação da proteína bruta em rações misturadas durante 0, 30, 60, 120 e 330 segundos, respectivamente, onde se pode observar que, ao misturar por 330 segundos, a dispersão é menor. Adaptado de Groesbeck et al., 2007.
Gráfico 1: Mostra a variação da proteína bruta em rações misturadas durante 0, 30, 60, 120 e 330 segundos, respectivamente, onde se pode observar que, ao misturar por 330 segundos, a dispersão é menor. Adaptado de Groesbeck et al., 2007.

Seguindo a mesma linha de pesquisa, Rocha et al. (2022) avaliaram o efeito do tempo de mistura sobre o coeficiente de variação da ração para frangos de corte. A análise foi realizada utilizando microtraçadores como ferramenta de avaliação. Os resultados obtidos são apresentados na tabela a seguir.

Tabela 1. Demonstra o efeito do tempo de mistura (30, 60, 90 e 120 segundos) sobre o coeficiente de variação das rações para frangos de corte, onde se observa que, quanto maior o tempo de mistura, menor o coeficiente de variação. Adaptado de Rocha et al., 2022.

Ração
Tratamento Fase 1
CV (%)
Fase 2
CV (%)
Fase 3
CV (%)
Fase 4
CV (%)
30s 35,90 49,50 34,80 40,80
60s 20,40 22,60 11,90 10,00
90s 10,70 8,90 9,80 10,80
120s 7,50 5,40 5,40 5,80
P-linear <0,0001 <0,0001 <0,0001 <0,0001
P-quadrático <0,0001 <0,0001 <0,0001 <0,0001

Impactos das rações sobre os animais

Uma ração bem misturada garante que os suínos recebam uma distribuição consistente de nutrientes em cada porção, o que favorece indicadores zootécnicos-chave como o ganho de peso diário (GPD), o consumo diário de ração (CDR) e a conversão alimentar (CA). Esses efeitos impactam diretamente o crescimento dos animais e a eficiência no uso dos nutrientes, como demonstram os resultados de Groesbeck et al. (2007).

Tabela 2. Efeito do tempo de mistura sobre o desempenho zootécnico de leitões. As rações foram misturadas por 0, 30, 60, 120 e 330 segundos, respectivamente. Adaptado de Groesbeck et al., 2007.

Tempo de mistura
0s 30s 60s 120s 330s EP P-valor linear P-valor quadrático
0-14 dias de vida
Peso inicial, kg 6,30 6,30 6,30 6,30 6,30 0,16 0,42 0,65
GPD, g 190,00 249,00 245,00 256,00 280,00 23,25 0,01 0,10
CRD, g 253,00 298,00 275,00 292,00 314,00 19,04 0,03 0,49
CA 1,33 1,20 1,12 1,14 1,12 0,05 0,03 0,03
14-28 días de vida
GPD, g 473,00 562,00 569,00 595,00 646,00 48,50 0,01 0,12
CRD, g 687,00 822,00 793,00 841,00 889,00 56,14 0,01 0,17
CA 1,45 1,46 1,39 1,41 1,38 0,03 0,11 0,32
0-28 dias de vida
GPD, g 331,00 405,00 407,00 426,00 463,00 35,04 0,01 0,01
CRD, g 470,00 560,00 534,00 566,00 601,00 35,89 0,01 0,19
CA 1,42 1,38 1,31 1,33 1,30 0,03 0,04 0,10
Peso final, kg 15,60 17,60 17,70 18,30 19,30 1,20 0,01 0,89

EP = Erro padrão.

A conexão entre a fábrica e a granja

O impacto de um processo de mistura eficiente vai além da fábrica de ração — ele se reflete diretamente na granja. Uma ração bem misturada melhora a produtividade dos suínos, otimizando a rentabilidade da granja. Por isso, é fundamental que a fábrica mantenha uma comunicação constante com a granja para ajustar qualquer desvio que possa ser observado.

Um ponto importante a ser considerado no caso das rações fareladas é a distância entre a fábrica e a granja, já que o transporte por longas distâncias pode afetar a uniformidade da ração. A vibração durante o transporte favorece a desmistura, especialmente quando há grande variação no tamanho das partículas.

Conclusão

A uniformidade e a qualidade da mistura de rações para suínos são cruciais para o desempenho produtivo, a saúde e o bem-estar dos animais, assim como para a eficiência econômica da produção. Uma mistura adequada garante que os animais recebam uma dieta equilibrada e nutricionalmente adequada, favorecendo seu crescimento e desempenho. Por outro lado, uma mistura deficiente pode causar desequilíbrios nutricionais, problemas de saúde e aumento nos custos operacionais. O investimento em tecnologias de mistura eficientes, na capacitação da equipe e no monitoramento constante da qualidade do processo são essenciais para garantir a sustentabilidade e a rentabilidade tanto na fábrica de ração quanto na granja.

Recomendações para uma mistura ótima

  1. Seleção de equipamentos adequados: é fundamental escolher um misturador que se adeque ao tipo de ingredientes e ao porte da operação. Os misturadores devem ser, idealmente, de aço inoxidável, de fácil limpeza e manutenção, garantindo não apenas uma mistura homogênea, mas também a segurança e a inocuidade das rações.
  2. Tamanho de partícula das matérias-primas: os ingredientes devem apresentar tamanhos de partícula o mais uniforme possível. Diferenças significativas no tamanho das partículas dificultam a homogeneização da mistura e comprometem a qualidade da ração.
  3. Monitoramento contínuo: é importante realizar um monitoramento constante do processo de mistura, utilizando ferramentas como microtraçadores ou microminerais para avaliar a homogeneidade. Recomenda-se que esse controle seja feito pelo menos uma vez ao ano, sendo ideal atingir um coeficiente de variação (CV) menor ou igual a 5%.

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