Atualmente, temos mais problemas de pleuropneumonia do que anos atrás? Quais fatores podem ter influenciado?
Espigares, Vela e Pallarés concordam que têm a percepção de que os casos de pleuropneumonia aumentaram nos últimos anos. Pallarés acrescenta que, considerando os casos que recebem para diagnóstico laboratorial e visitas à granja, chamou sua atenção que em muitos casos acometem animais bastante jovens, ao contrário do que se observava anos atrás, onde a maioria dos surtos afetavam animais no fim da terminação.
Todos os três concordam que o atraso na idade do desmame também é um fator para o aumento dos problemas de pleuropneumonia. Espigares destaca que, como vários estudos sugerem, a principal fonte de contágio dos leitões são os pais, a partir da segunda semana de vida. Quanto maior o atraso no desmame, maior a probabilidade de contágio para o leitão.
Outro fator a ser considerado são as instalações de transição e terminação, Vela comenta que fatores como o mau controle ambiental ou a densidade excessiva de animais devem sempre ser levados em consideração. Espigares destaca que o tamanho das granjas de terminação estão aumentando e isso significa que as misturas de animais de diferentes leitegadas, e mesmo origens ou lotes (diferentes idades), também são maiores, o que também influencia no aparecimento de surtos de doenças.
Vela também destaca o risco de importar leitões de países com alta incidência de App, possíveis portadores de sorotipos mais virulentos.
Como a redução do uso de antibióticos para controle de doenças está nos afetando e nos afetará?
Pallarés e Espigares concordam que a redução do uso de antibióticos influenciou no aumento dos casos da doença. Espigares comenta que, especificamente, o menor uso de amoxicilina ou macrolídeos durante a lactação em matrizes, transição e início da terminação tem sido um fator a ser levado em consideração e que provavelmente desencadeou uma maior transmissão de bactérias nessas fases.
Qual importância podemos dar ao manejo no controle de doenças?
Todos os três concordam com a importância do manejo, Vela comenta que todas as medidas de prevenção da doença envolvem minimizar a presença da bactéria nos leitões, reduzir a prevalência da doença ao desmame e, como principal estratégia, ter fluxos de animais protocolizados. E Espigares acredita que as misturas de animais devem ser minimizadas, não só de procedências e idades, mas até de leitegadas, como tem sido descrito em alguns estudos.
Como as vacinas podem ajudar a controlar a pleuropneumonia suína?
Espigares acredita que a vacinação hoje é uma das opções a serem consideradas para prevenir a doença. Usadas de forma adequada e no momento ideal, as vacinas nos tornam menos dependentes do uso de antibióticos, minimizando o impacto clínico e econômico da doença. Vela comenta que a vacinação é um dos pilares dos protocolos de controle da doença e um auxílio em casos de surtos agudos. Permite reduzir o impacto económico na terminação até que sejam estabelecidas medidas na pirâmide de produção que nos permitam controlar a doença, e nos casos em que isso não seja possível, como para leitões adquiridos, a vacinação pode fazer ainda mais sentido.
Pallarés acrescenta que existem três tipos de vacinas contra a App: bacterina, toxóide ou mista. As bactérias geram anticorpos contra as bactérias e são sorotipo-específicas, os toxóides atuam contra as toxinas e os mistos atuam contra ambos. Resultados publicados de vários testes indicam que a vacinação é uma ferramenta eficaz para reduzir lesões, mortalidade associada à doença e o uso de antibióticos. Nos planos de vacinação devemos evitar a interferência com anticorpos maternos. Os anticorpos maternos contra a bactéria diminuem após a segunda semana de vida, que é quando os leitões começam a colonizar, e os anticorpos contra as toxinas começam a diminuir às 10 semanas de vida.
Quão importante pode ser a reposição no controle desta doença?
Pallarés e Espigares concordam que as matrizes de reposição podem desempenhar um papel importante. Principalmente mudanças de origem, onde os animais infectados com um novo sorotipo entram em uma granja negativa ou animais negativos entram em uma granja positiva. Espigares ressalta que, em ambos os casos, é desencadeada uma ruptura na estabilidade. Além disso, acrescentam que quando as matrizes de reposição negativas entram em contato com fêmeas multíparas positivas, elas se infectam e fazem com que tanto as martrizes primíparas quanto seus leitões se tornem importantes fontes de excreção de bactérias, o que gerará a origem do problema que se estabelecerá em as seguintes fases de produção.
Vela comenta que bons protocolos devem estar disponíveis para a entrada do substituto, com mecanismos que permitam conhecer seu estado de saúde e protocolos de adaptação e monitoramento. O objetivo é limitar a entrada de novos sorotipos com potencial para serem mais patogênicos do que os existentes e adaptar as novas porcas aos sorotipos existentes, com nenhum ou mínimo impacto desses sorotipos residentes sobre elas ou sobre sua prole. E ele também comenta: “Algo fácil de dizer, mas difícil de executar”.