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Relato: Visitamos uma granja sustentável na Itália

Fomos visitar a Piggly, uma granja com produção sustentável do ponto de vista ambiental, produtivo, de bem-estar e econômico.

3 Fevereiro 2023
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Sergio Visini, de um família de agricultores (nunca teve contato com o mundo da carne suína), formado em Economia e Comércio, quis reproduzir a "fórmula do vinho Franciacorta". Assim nasceu a Piggly, uma empresa que possui 850 matrizes em Veneto e 11.000 animais em terminação em Pegognaga. A granja de matrizes, que não é objeto deste artigo, foi quase totalmente reestruturada e as instalações de transição e terminação são novas, com um design inovador e de grande impacto estético.

É preciso começar desde já especificando que a granja tem praticamente uma "pegada de carbono zero", e foi precisamente aqui que o projeto começou em 2012: primeiro foram construídos os painéis fotovoltaicos (2 megawatts) e depois os galpões embaixo e ao lado o biogás (637 Kw). O investimento inicial foi utilizado para financiar as sucessivas construções, começando pela terminação e finalizando com os 3 galpões de desmame, que são totalmente em sistema de palha, em 2017. Além disso, a granja é "livre de antibióticos desde o nascimento": os suínos tratados são identificados com brincos e representam cerca de 2% da produção. Vamos começar com as perguntas:

Do ponto de vista ambiental, como conseguiram reduzir significativamente a Pegada de Carbono?

Simples:

  • Usamos muito pouca eletricidade para reprodução, não há ventilação forçada ou outro equipamento de uso intensivo de energia. No final, apenas 10% é usado na granja, o restante vai para a rede.
  • O biogás representa mais de 70% da redução de emissões; apenas a energia térmica vai para a granja, o restante vai para a rede. Além disso, o composto produzido é utilizado em nossa terra, não compramos fertilizantes químicos.

Sergio, como fica o desmame em palha? Pois é uma questão que "assusta" muitos produtores.

Gostaria de dizer que inicialmente tive muitas dúvidas sobre a palha e um sistema de ventilação totalmente natural nesta fase tão delicada dos leitões. Aposto em meus objetivos: fazer um produto de qualidade, respeitoso com o meio ambiente, baixo custo energético e altamente comprometido com o bem-estar animal, que consiga impressionar positivamente o consumidor mais exigente. Tecnicamente, a palha deve ser cortada com lâmina durante a prensagem, com comprimento máximo de 10 cm e quantidade média diária de 200 g por cabeça, do início ao fim.

Para a limpeza, construímos um ambiente fácil de manusear, onde os leitões podem ser completamente confinados, para que a limpeza possa ser feita uma vez por semana durante as primeiras 2-3 semanas e duas vezes por semana quando forem mais velhos (podem atingir até 40 kg neste estágio). São necessárias duas pessoas e uma pá elétrica para as operações de limpeza, que duram aproximadamente 1 hora cada vez. Ter um status sanitário tão elevado permite-nos gastar muito menos tempo em tratamentos. Nesta fase, o ganho médio diário é de cerca de 600 g/animal/dia. O custo da palha e da mão-de-obra é de 2,5 euros/cabeça (aproximadamente R$ 13,60 por animal).

Um detalhe importante é a temperatura: no começo tínhamos “medo” do frio, mas hoje, depois de vários experimentos, já nos mantivemos a 20°C no inverno (há um radiador de calor que aproveita a energia térmica do biogás). Com a palha não é necessário ter altas temperaturas, além de beneficiarmos de uma troca de ar mais importante, temos 6 metros de altura na zona mais alta (fotos 1 e 2).

Foto 1. Baia de desmame.
Foto 1. Baia de desmame.
Foto 2. Interior da baia de desmame, 6-40 kg.
Foto 2. Interior da baia de desmame, 6-40 kg.

Quando você visita a granja, parece que não há suínos lá dentro... Como você fez isso?

Recorri a um arquiteto não especializado no mundo da pecuária, que sugeriu o uso de materiais de alta durabilidade e esteticamente agradáveis. A área externa é fechada, tanto para conter o calor quanto para um aspecto visual de limpeza. Além disso, entre os galpões temos grama, que ajuda a baixar as temperaturas interiores durante o verão: um trabalhador externo encarrega-se da manutenção. Depois, do ponto de vista auditivo, os suínos estão tão silenciosos que não ouvimos nada de fora, somente quando os de terminação estão se alimentando (fotos 3,4 e 5). Problemas de mordedura de cauda são praticamente inexistentes.

Foto 3. Exterior dos galpões.
Foto 3. Exterior dos galpões.
Foto 4. Todos os galpões são numerados.
Foto 4. Todos os galpões são numerados.
Foto 5. Corredor externo dos galpões de terminação.
Foto 5. Corredor externo dos galpões de terminação.

Como são os galpões de terminação? A palha não obstrui as fossas?

Internamente são muito normais, logicamente damos mais espaço (1,25 m²/cabeça) e constantemente temos palha em cada baia, oferecida através de dispensador de palha (fotos 6 e 7). Todas as salas (incluindo as dos leitões pequenos) são de parede simples, com uma altura máxima de 6 metros, o que melhora muito a ventilação e faz com que os animais não se sujem para se refrescar no verão. O piso compacto é altamente isolado por dentro e com ripas por fora, que serve como área de defecação. A parede sul também é muito isolada (todas as baias têm orientação leste-oeste).

Periodicamente utilizamos, por atomização, um conjunto de bactérias da família Bacillus para redução de odores e amônia, borrifadas diretamente nos animais, nas fezes e no chão de todos as baias, e é uma grande ajuda para afastar insetos e moscas em geral, evitando o uso de inseticidas.

O esvaziamento regular e semanal das fossas localizadas sob as áreas externas, por meio de sistema de sucção e tubulações com diâmetros adequados, evita qualquer tipo de problema de obstrução por palha, além de reduzir os níveis de amônia. A frequência semanal evita a compactação.

Foto 6. Dispensador de palha na terminação.
Foto 6. Dispensador de palha na terminação.
Foto 7. Terminação em pavimento sólido.
Foto 7. Terminação em pavimento sólido.

Você usa alguma tecnologia especial? Como você conseguiu reduzir tanto suas emissões?

Sinceramente não, só temos sensores de amoníaco, CO2, temperatura e umidade em todas as baias que são constantemente controlados em tempo real (foto 8). A ração de terminação é líquida e os leitões são alimentados com ração seca à vontade. Obviamente, os sistemas fotovoltaicos e de biogás estão sempre conectados para que todos os aspectos da produção de energia estejam sempre sob controle. No final, apenas "emitimos" 1,06 kg de CO2/kg de peso vivo contra uma média de 5,50 kg de CO2/ kg de peso vivo produzidos em granjas convencionais.

Foto 8. Sensores em todas as baias,.
Foto 8. Sensores em todas as baias,.
Foto 9. Planta de biogás.
Foto 9. Planta de biogás.

Para concluir, as contas fecham?

Eu diria que sim: com um investimento inicial de 30% a mais do que um sistema tradicional e com reconhecimento de mercado adequado e prêmios concedidos a esses tipos de suínos.

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