A Suinocultura é sem dúvida uma das atividades destaque em produção e produtividade do Brasil. Segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), juntas, a Avicultura e Suinocultura são responsáveis por quatro milhões de empregos diretos e indiretos, representando aproximadamente R$ 120 bilhões do PIB nacional. Hoje o Brasil é o quarto maior produtor e exportador de carne suína do mundo. Seu crescimento, desenvolvimento, estruturação e consolidação impactou não somente na vida do produtor como alterou o cenário produtivo e social de várias cidades, estados e regiões, mudou costumes – quebrando paradigmas quase centenários e trouxe desenvolvimento significativos na economia nacional. Todos que fazem parte desta cadeia podem se orgulhar em ter participado de um capítulo vitorioso da nossa Agropecuária Nacional.
A 4ª posição entre os maiores países exportadores é considerada controversa pois considera a União Europeia como um único produtor. Independente de métrica, sem dúvida é uma posição de destaque ao lado de vários países europeus que compõe o bloco da União Europeia produtora, os Estados Unidos, Canadá e México (tabela 1). Mesmo ocupando a quarta posição, ainda existe um grande potencial em valorizar nosso produto uma vez que somente 24% da produção é destinada ao mercado externo.
Tabela 1: Os cinco maiores países exportadores (mil toneladas). Fonte: USDA e ABPA, 2022.
País / Bloco | Quantidade (mil toneladas) | % |
---|---|---|
União Europeia | 5050 | 40,68% |
Estados Unidos | 3215 | 25,9% |
Canadá | 1480 | 11,93% |
Brasil | 1137 | 9,16% |
México | 330 | 2,66% |
Nos últimos 30 anos a Suinocultura brasileira teve avanços muito claros em praticamente todos os segmentos da cadeia. Foram grandes e evidentes as mudanças nos modelos e sistemas de produção, modelos construtivos, tecnologia da produção, avanço genético, técnicas de reprodução, alternativas e manejo nutricional, sanitário e gestão com expressivo incremento no profissionalismo da cadeia produtiva. A representatividade das associações, o embasamento e maior robustez da área acadêmica também acompanharam – e puxaram este desenvolvimento, o que consolidou a participação do Brasil no mercado internacional e elevou o consumo interno desta nobre proteína.
Nunca tive dúvidas da nossa capacidade de sermos promissores e capazes de enfrentar as várias adversidades da operação sempre com crescimento. Nossos indicadores nos colocam numa posição de destaque ainda maior considerando nossa condição de país continente. Importante citar que pela sua dimensão o Brasil tem características extremamente variáveis em relação à paisagem, clima, relevo, colonizações (o que carrega culturas, usos e costumes diferentes) modelos e estrutura de produção. A área territorial do Brasil é superior a 8,8 milhões de quilômetros quadrados, o que significa um pouco menos que a área total da Europa (que comporta 50 países diferentes) (figura 1).
Ao considerar o volume de carne suína produzida em toneladas entre as décadas de 1980 e 2020, o Brasil cresceu sua produção ano a ano, quadruplicando a produção nesses últimos 40 anos (tabela 2).
Tabela 2: Evolução da produção Suína (representada em mil toneladas) entre os anos de 1980 e 2020 e representatividade deste crescimento entre as décadas em número e percentual.
Ano | Produção (mil t) | Crescimento / década | |
---|---|---|---|
1980 | 1,150 | - | |
1990 | 1,040 | 0,90 | - 10% |
2000 | 2,556 | 2,46 | 146% |
2010 | 3,238 | 1,27 | 27% |
2020 | 4,482 | 1,38 | 38% |
Este é um resumo claro de uma cadeia estruturada que deve dar orgulho a quem participa e servir de incentivo e motivação para encarar os desafios de alimentar o mundo.
O aumento na produção (gráfico 1) foi proporcionalmente muito maior que o aumento no plantel de matrizes, uma prova clara do aumento da produtividade e profissionalização da cadeia. Isto se deu principalmente por melhoras substanciais na reprodução - com um expressivo aumento do número de animais produzidos por matriz por ano - e pelo aumento no peso de abate dos terminados. Este é o maior sinal de otimização de uma cadeia, literalmente o fazer mais com menos.
Acompanhando e ao mesmo tempo puxando a produção, as exportações da carne suína tiveram um substancial aumento nas últimas décadas (gráfico 2). O último relatório da ABPA indica um aumento de 1.396% nas exportações entre os anos de 1997 e 2021. Este sem dúvida é o maior reflexo de um trabalho bem conduzido entre todos os segmentos da cadeia, desde a produção até a complexidade de aberturas e manutenções de novos mercados.
Todo este expressivo aumento em produção e produtividade proporcionou uma maior acessibilidade da proteína suína na refeição do brasileiro. De 1980 para 2021 o consumo de carne suína por habitante dobrou, indo de aproximadamente nove para 18 kg/ano.
Avanços
Ter consciência do histórico de uma atividade vitoriosa e entender um pouco mais dos detalhes e acontecimentos é uma das formas de provocar os profissionais da área na busca de melhores resultados e superação, também de dar um incentivo com exemplos, dados e fatos reais aos que estão iniciando sua carreira para que melhor compreendam os caminhos desta intrincada cadeia produtiva que é bastante longa e complexa, além de ser uma forma de reconhecer o esforço daqueles que participaram desta jornada.
Para que cada brasileiro consuma seus 18,1 kg de carne suína - com qualidade, saudável, prática e acessível, e para que o Brasil crie receita, exportando mais de 1,1 milhão de toneladas, o que nos torna o 4º maior produtor e exportador do planeta, nossa GRANJA BRASIL tem um plantel de aproximadamente 2 milhões de matrizes. Ou seja, estamos produzindo 1,5 leitão por segundo. Esta é nossa responsabilidade como Setor. É uma explosão de informação que deve ser divulgada - mais do que isso, celebrada e reconhecida.