Em geral, os proprietários de granjas suinícolas contam com os seus ativos como um plano de reforma, mas intrinsecamente o seu objetivo é transmitir o seu negócio à próxima geração. Em muitos casos, sem ter consciência da delicadeza do processo e dos riscos que acarreta, nem realizar um bom planejamento do mesmo.
Como qualquer processo, o planejamento é essencial. Para isso, é preciso ter claro qual é o momento certo para optar pela aposentadoria e a partir daí definir os tempos. As opções serão muito pessoais e de acordo com as características de cada negócio. Embora existam diferentes níveis de sofisticação de acordo com o tamanho da granja e o nível de integração, o processo tem os mesmos fundamentos.
No contexto do nosso negócio e em termos práticos, os produtores têm as seguintes opções:
- Transferir a propriedade da granja para um ou mais membros da família para administrá-la.
- Transferir a propriedade da granja para um ou mais membros da família e fazer com que ela seja operada por uma equipe profissional externa.
- Transferir a propriedade da granja para alguém que não seja um membro da família para administrá-la.
- Entregar a granja para Parceria em que um terceiro fora da família aluga as instalações.
- Liquidar ativos agrícolas.
A decisão de uma ou outra alternativa dependerá, entre outras coisas, da escala do negócio ou tamanho da granja, sendo comum que granjas menores sejam pouco atrativas para a incorporação de profissionais competentes no processo, deixando as outras opções como alternativas mais viáveis. No México, e na América Latina em geral, onde o sistema empresarial é maioritariamente familiar, independentemente do tamanho da empresa, as alternativas não são muito diferentes.
O plano de sucessão é um processo e deve incluir as seguintes etapas em ordem:
- Transição de Gestão - Gestão das operações diárias de negócios e decisões operacionais.
- Transição de Liderança - Direcionamento de negócios e decisões estratégicas.
- Transferência de Propriedade - Propriedade e controle de ativos empresariais.
A sequência desses eventos é importante. Idealmente, a transição ocorre na medida em que a geração que sai se sente confiante de que a geração que entra tem as competências para passar da operação para a liderança e depois para a propriedade. As variáveis envolvidas nas decisões são muito específicas de cada empresa/família, mas o ideal é que tenham o apoio de uma equipe que facilite o processo do ponto de vista jurídico e financeiro. Nesse sentido, listamos estes 6 elementos a serem considerados:
1. Negócio
Lucros e ativos – A granja ou operação como negócio deve ser rentável e os seus ativos devem estar de acordo com as necessidades e características atuais da indústria (estado de saúde, manutenção das instalações, etc.). Se a operação não for competitiva não há razão para que a próxima geração se interesse pela continuidade do negócio.
Fluxo de caixa – O ideal é que o fluxo de caixa gerado pela operação permita, no mínimo, a operação do negócio, investir em novos ativos, pagar obrigações e aposentar os proprietários. A menos que a geração cessante esteja disposta a renunciar à propriedade, o negócio precisa de ser desenvolvido com bastante antecedência, de forma a sustentar ambas as gerações. Isto pode parecer lógico, mas nem sempre é visto na prática.
Visão empresarial comum – A visão e os objetivos empresariais devem estar alinhados entre ambas as gerações, pelo menos durante o processo de transição. Se não for esse o caso, o processo será incômodo, principalmente para a geração que está saindo.
Comunicação – Uma boa comunicação entre todas as partes envolvidas é importante. A comunicação clara, regular e transparente melhora as perspectivas do processo, especialmente com a nova geração e potenciais investidores ou credores. Isto pode impactar o acesso ao capital para o crescimento futuro dos negócios.
Ferramentas de decisão – Em geral, as novas gerações têm tido acesso a mais tecnologia, por isso tendem a tomar as suas decisões com mais informações. A geração cessante, por outro lado, costuma enfrentar decisões complexas relativas ao negócio mais baseadas na sua experiência e instinto. Melhorar o sistema de gestão e informação financeira para facilitar melhores decisões pode ser um fator crítico no processo de transição.
2. Proprietário
Momento – Estabeleça o momento certo para deixar as responsabilidades comerciais. A geração que está saindo deve se afastar. O processo sucessório não avançará se isso não ocorrer.
Primeiros passos – Conforme mencionado acima, a transição acontecerá em etapas. O processo começa com a transferência das responsabilidades operacionais do dia a dia. Quando esta transição de gestão for bem-sucedida, ocorre a transferência de liderança. O resultado disto estabelece as bases para a transferência de ativos à medida que a geração que sai ganha confiança com base nos resultados do processo.
3. Sucessor
Aceitação familiar – Para uma transição bem-sucedida, o sucessor deve ter aceitação familiar. Uma relação próxima com pais e irmãos será importante para dar confiança à geração cessante na boa gestão do negócio e na dinâmica familiar sempre presente.
Competências – Os atributos do sucessor podem combinar características como motivação, criatividade, capacidade de decisão, visão estratégica, agressividade, capacidade de comunicação, entre outras. À medida que você passa do lado operacional para o lado da liderança, a combinação dessas características será decisiva para conduzir a empresa em direção aos seus objetivos.
Experiência – Geralmente, as gerações seguintes faltam para se desenvolver academicamente através do ensino secundário ou universitário. Em muitos casos, eles até ganham experiência profissional antes de retornarem à empresa familiar. O aprendizado obtido nesse processo será muito importante, pois será transferido para o próprio negócio.
4. Facilitador
Comprometido – Este processo deve ter um conselheiro ou facilitador. Sem isso, as transições podem ser feitas sem dinâmica adequada. É importante o envolvimento de um facilitador focado em resultados e gerador de compromissos entre as partes envolvidas. Além disso, trazem imparcialidade e objetividade ao processo.
Atributos – O facilitador deve ter excelentes habilidades de comunicação, senso de urgência, integrativo e inclusivo. Deve ser direto e discreto sem perder a objetividade e a imparcialidade. O seu papel é essencial para manter a clareza com os familiares relativamente ao processo e ao seu momento.
5. Equipe técnico
Modalidade – Uma vez possível a transição de propriedade em caso de sucessão, a modalidade de execução das operações financeiras pode exigir certa sofisticação e experiência de equipe técnica.
Equipe – A equipe que facilita o processo deve incluir especialistas nas áreas jurídica e financeira e alguém de confiança que entenda do negócio. Esta equipa deverá fornecer o conhecimento necessário para o adequado processo de transição, incluindo os aspectos contabilísticos que permitam um financiamento adequado.
6. Linha do tempo realista
Início – Em primeiro lugar, o início do processo começa a partir do momento em que o proprietário está pronto para planejar sua saída. Se você esperar muito, corre o risco de a próxima geração perder o interesse em continuar o negócio e aproveitar outras oportunidades.
Tempo – A velocidade do processo também é limitada pela capacidade do sucessor de assimilar a gestão, a liderança e a propriedade dos ativos. A geração de saída prosseguirá com a execução do plano somente quando a nova geração estiver pronta. Estes tempos não são iguais para todos.
Conclusão – Dependendo do tamanho e da complexidade organizacional e financeira do negócio, a sucessão pode levar até 10 anos para ser concluída. Portanto, você precisa ser meticuloso e paciente no processo.
Em geral, na vida você terá a oportunidade de participar desse processo de transição apenas duas vezes. Quando o negócio é recebido e quando é transmitido à próxima geração. Por isso, é de vital importância estar atento às dificuldades que esse processo pode oferecer. Consequentemente, considerações devem ser tomadas em tempo hábil para garantir um bom resultado.