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Manejo de vacinas (III): aplicação

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Revisamos as vias de aplicação das vacinas, seu modo de aplicação dependendo da categoria do animal e o manejo do material vacinal.

Depois de ter revisado em artigos anteriores como devemos armazenar corretamente as vacinas, agora é a hora de aplicá-las.

Cada granja tem o seu próprio plano de vacinação, adaptado a cada caso pelo veterinário responsável. Deve descrever os tipos de vacinas a serem utilizadas, sua via de administração e a idade ou época exata do ciclo em que deverão ser aplicadas. É fundamental aplicar a vacina no momento certo para ter sucesso.

Vias de aplicação de vacinas

Sempre que vamos utilizar uma vacina, além de seguir as orientações do nosso veterinário, devemos ler atentamente a ficha técnica do produto para garantir que seguimos as recomendações do fabricante:

  • Temperatura de aplicação
  • Volume
  • Posologia
  • Período de exclusão, se houver
  • Incorporação adjuvante
  • Misturar vacinas, se isso puder ser feito
  • Etc.

As vacinas podem ser diferenciadas de acordo com as vias de administração. Os mais frequentes são:

1. Intramuscular: Onde podemos diferenciar entre:

  • Vacinação com agulha: É fundamental escolher o tamanho certo da agulha (Figura 1) para:
    • Podendo penetrar na pele, na camada de gordura e entrar no músculo dependendo do tamanho do animal.
    • Para que o líquido circule sem problemas dependendo da densidade da vacina e do volume a ser aplicado.

Figura 1. Tamanho de agulhas.
Figura 1. Tamanho de agulhas.
  • A área de aplicação mais comum é o pescoço, mas também pode ser aplicado no glúteo. Ambos os pontos apresentam vantagens e desvantagens, sendo as mais importantes:
    • Pescoço:
      • Vantagens:
        • Boa vascularização, o que facilita a absorção e distribuição da vacina no animal.
        • Ampla área de aplicação
      • Desvantagens:
        • Acesso difícil quando é necessário acessar os animais por trás, o que pode representar um risco para o operador.
        • Possibilidade de abcessos quando aplicados incorretamente ou as agulhas estão em mau estado
    • Glúteo:
      • Vantagem:
        • Fácil acesso quando os animais estão em gaiolas e também em baias.
      • Desvantagem:
        • Pode causar abcessos no pernil e, portanto, sua condenação.
  • Aplicação intramuscular sem agulha com pistolas de pressão na região do pescoço.

Os sistemas sem agulhas reduzem o risco de transmissão de patógenos, feridas ou abscessos e possíveis quebras de agulhas na carcaça, além de eliminar o risco de picadas acidentais nos trabalhadores. Nestes sistemas é necessário calibrar a pressão de aplicação de acordo com a categoria animal

2. Intradérmica: Pode ser aplicado com agulha, mas a aplicação sem agulha é cada vez mais utilizada com uma pistola de pressão especial, que introduz um pequeno volume na derme. Os pontos de aplicação devem ter poucos pelos e ser suficientemente planos. Os mais comuns são o pescoço, glúteo, lombo e em fêmeas gestantes também no centro acima dos tetos.

Figura 2. Vacinação com pistola intradérmica.
Figura 2. Vacinação com pistola intradérmica.

3. Subcutâneo: É injetado sob a pele e geralmente é usado em leitões menores. O ponto de aplicação ideal para estes é a parte interna da coxa, nas dobras da pele.

4. Oral: Administrado principalmente através de água potável. Este sistema facilita a aplicação em grandes grupos, mas apenas algumas vacinas podem ser administradas por esta via. É importante não utilizar outros produtos que possam afetar a eficácia das vacinas orais: cloro, outros medicamentos, etc.

5. Intranasal: A vacina é absorvida pelas mucosas e estimula a resposta imunológica do animal.

Em todos os casos, as áreas de aplicação deverão estar sempre limpas e secas.

Figura 3. Os pontos de aplicação e tipos de vacinas em suínos e leitões.
Figura 3. Os pontos de aplicação e tipos de vacinas em suínos e leitões.

Modo de aplicação de acordo com a categoria do animal

1. Leitões em maternidade: retire-os um a um para garantir a correta aplicação.

2. Leitões na creche e suínos na terminação:

  • Leitões até 25 quilos: Devemos pegá-los um por um para garantir um ponto correto de aplicação da vacina. Para facilitar este processo, podemos dividir a baia em dois, deixando menos espaço para pegar os leitões e à medida que forem vacinados podem ser marcados e deixados do outro lado. Em muitos casos, o corredor também pode ser útil para isso.
Figura 4. Transição com grandes grupos com possibilidade de painéis e redução de espaços.
Figura 4. Transição com grandes grupos com possibilidade de painéis e redução de espaços.
Figura 5. Terminação com grandes grupos com possibilidade de redução de espaços.
Figura 5. Terminação com grandes grupos com possibilidade de redução de espaços.
  • Suínos com peso superior a 25 quilos: Podem ser vacinados sem necessidade de mantê-los individualmente. Ajuda poder reduzir a superfície disponível no momento da vacinação para poder fazê-lo com mais precisão, mas não é estritamente necessário. Se trabalharmos com grupos grandes, temos que ter sistemas que nos permitam fazer isso rotineiramente.
    Para facilitar este tipo de vacinação, podem ser utilizados sistemas de “extensão” de seringas. Esses sistemas podem ser úteis porque melhoram a posição na hora de vacinar, mas é preciso estar acostumado e treinado no seu uso, pois:
    • É mais fácil perder o ponto certo de vacinação: neste caso, o pescoço.
    • É mais fácil dobrar as agulhas.
Figura 6. Haste extensora para vacinação.
Figura 6. Haste extensora para vacinação.
3. Animais adultos

  • Machos e fêmeas em gaiolas
    • Serão vacinados um a um, de preferência por trás se o sistema permitir.
  • Matriz ou machos em grupo:
    • Pequenos grupos: Se tivermos um sistema que alimente todos os animais ao mesmo tempo, o melhor momento para vacinar será durante a alimentação.
      Figura 7. Suínos comendo ao mesmo tempo.
      Figura 7. Suínos comendo ao mesmo tempo.
    • Grupos grandes:
      • Se o sistema conseguir selecionar os animais e separá-los do grupo, faremos isso em grupos menores para poder vaciná-los.
      • Se o sistema não seleciona os animais, temos que encontrar o momento de descanso em que os animais estão calmos e fazê-lo lentamente e aproximando-nos por um lado para não assustá-los.

Para qualquer idade e dependendo do status sanitário da granja, será necessária a troca de agulhas entre leitegadas ou entre animais adultos, seguindo as recomendações do veterinário responsável.

Gestão de material de vacinação

1. Agulhas

É imprescindível utilizar agulha de tamanho adequado (Figura 1).

A granja deve possuir protocolo escrito para troca de agulhas (Tabela 1), que deve ser adaptado caso haja alguma patologia específica, pois as agulhas podem ser veículo de transmissão de patógenos. O veterinário tomará as decisões correspondentes.

Em qualquer caso, trocaremos a agulha sempre que esta estiver dobrada ou perdida, pois uma agulha em mau estado pode ter maior risco de quebrar ou causar ferimentos.

Tabela 1. Protocolo básico para troca de agulhas na granja. Deve ser adaptado de acordo com o status sanitário da granja.

Animais Situação Troca de agulha
Leitões lactantes Cada leitegada
Leitões na creche Grupos pequenos ( até 30 leitões) Cada grupo
Grupos grandes Cada 30 leitões
Suínos na terminação Grupo pequenos (até 12-15 suínos) Cada grupo
Grupos grandes Cada 10 animais
Matrizes Granjas com alto status sanitário Cada 5 animais
Granjas com baixo status sanitário Cada animal
Machos reprodutores Cada animal

Baia enfermaria e quarentena deverão possuir todo o material necessário para vacinação e tratamento ESPECÍFICO para uso nesta área. Isso inclui agulhas, seringas, marcadores, etc.

Se a agulha quebrar durante a vacinação e suspeitarmos que ela permaneceu dentro do suíno, temos que controlar o animal afetado e separá-lo para avisar o frigorífico. Existem agulhas que são detectáveis ​​no frigorífico através do uso de detectores de metais. Existem empresas que exigem de seus fornecedores o uso para reduzir o risco de agulhas na carcaça.

As agulhas usadas e sobras de vacinas devem ser recolhidos em recipientes específicos e cada granja deve ter um contrato de gestão de resíduos.

Figura 8. Recipientes de agulhas. Foto cortesia do National Pork Board, Des Moines, Iowa.
Figura 8. Recipientes de agulhas. Foto cortesia do National Pork Board, Des Moines, Iowa.

2. Seringas e pistolas de vacinação

Devemos usar as seringas e pistolas recomendadas pelos serviços veterinários e garantir que funcionem corretamente.

Após CADA USO, as seringas e pistolas devem ser lavadas para remover todos os vestígios.

Figura 9. Material para vacinação limpo.
Figura 9. Material para vacinação limpo.

Devemos ter um plano de manutenção de todo o material utilizado para vacinar.

No último artigo da série falaremos sobre como minimizar possíveis falhas vacinais.

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Comentários ao artigo

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24-Set-2024 cesar-feronatoMuito bom material, parabens.
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