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Três fatores que dificultam as empresas familiares planejarem uma estratégia de transição geracional

Na última pesquisa global de empresas familiares realizada pela Price Waterhouse PwC em 2021, que pesquisou 2.801 empresas familiares em 87 territórios, constatou-se que 82% das empresas familiares dizem que desejam proteger o negócio como o ativo familiar mais importante e 64% deseja criar um legado familiar.

Se esse é o desejo das empresas familiares, por que a transição geracional não é planejada com antecedência?

Em nossas próprias pesquisas descobrimos que existem 3 fatores que se repetem e que dificultam esse planejamento:

Primeiro fator: falta de visão sobre a transição geracional

O fundador tem aqui um papel muito importante, porque nos parece que é ele quem tem de potenciar a estratégia de transição geracional. No entanto, muitas vezes isso não acontece porque existem problemas psicológicos subjacentes que o impedem, por exemplo:

Assuntos relacionados com o ego:

  • Medo de perder poder e/ou autoridade.
  • Acreditar que ninguém pode administrar o negócio como ele ou ela.
  • Medo de perder a identidade de dono da empresa.

Qualidade de vida:

  • Enfrentar e perceber que sua vida tem girado em torno da empresa e você não sabe mais o que fazer quando não estiver mais naquele cargo.
  • Medo de perder a qualidade de vida que você teve até agora porque sua renda não será a mesma.

Assuntos familiares:

  • Medo de enfrentar problemas familiares não resolvidos. Medo de enfrentar um conflito familiar porque talvez haja favoritismo por um de seus filhos, filhas ou parentes, e quando isso é conhecido, cria-se um clima ruim, brigas e desentendimentos.
  • Medo de enfrentar a realidade de que não há um sucessor pronto à vista e isso traz consigo o medo de aceitar que um terceiro que não faz parte da família também possa ser sucessor e possa tomar decisões que afetem os negócios da família.

Esses são alguns aspectos que fazem o fundador ignorar ou procrastinar. Seus próprios medos e crenças são o que obscurecem a visão para planejar uma estratégia de transição geracional.

Segundo fator: ausência de protocolo familiar

Lembre-se que o protocolo familiar é o documento que concretiza os acordos entre os membros de uma família. Estes acordos regulam a forma como se estabelecem as relações familiares, econômicas e profissionais entre os proprietários da empresa, para organizar e gerir eficazmente o seu negócio e garantir o bem-estar da família e do negócio a longo prazo.

Ele permite que as famílias cheguem a um acordo sobre como trabalhar juntas e tomar melhores decisões agora e no futuro.

Um protocolo familiar estabelece a estratégia de transição geracional. Quando o protocolo não existe, e chega um momento "inesperado" de transição, gera-se desordem, caos, inquietação e isso pode fraturar a sustentabilidade da empresa e das relações familiares, pois as pessoas não têm clareza de como proceder a partir dos papéis que estão ocupando.

Pelo contrário, construir um protocolo familiar permite planejar em família, com antecedência e com a cabeça fria, como fazer uma transição geracional com tempo para implementar as ações de acordo com os objetivos da empresa.

Terceiro fator: não considerar a transição geracional como estratégia de expansão

As empresas não consideram o planejamento da transição geracional como estratégia de expansão. O momento evolutivo da empresa conta.

Quando a empresa está na fase de nascimento, uma estratégia de transição geracional não é prioritária, pois nesse momento existem fatores a resolver, como a geração de renda constante.

Por outro lado, quando uma empresa se encontra no seu momento de maturidade, terá mais abertura para pensar numa estratégia de transição geracional porque já existe uma organização empresarial e uma estabilidade econômica que permite à família beneficiar do negócio, podendo ter uma visão do futuro.

A própria transição geracional é uma estratégia de expansão empresarial porque garante a continuidade e transferência do legado, sustentabilidade de longo prazo para a empresa e família, onde as novas gerações têm a oportunidade de inovar tanto em processos quanto na liderança para seu crescimento e expansão.

Para finalizar, alguns itens a ter em mente:

  • A preparação psicológica do fundador é relevante para liderar o planejamento de uma estratégia de transição geracional.
  • Considerar o planejamento da transição geracional como estratégia de expansão do negócio é o primeiro passo.
  • A criação de um protocolo familiar não só ajuda a moldar e dimensionar a transição geracional, mas também ajuda a moldar os acordos familiares.

Torna mais fácil e dinâmico pensar na transição geracional como uma estratégia de expansão que pode ser planejada e desenvolvida ao longo do tempo. Usar o protocolo familiar é uma ferramenta para conseguir isso.

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