Considerando Brasil, México, Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Equador, Costa Rica, Paraguai e Panamá como os principais países produtores de suínos da América Latina, foi realizada uma análise do cenário econômico da suinocultura nos últimos anos.
Produção
Tabela 1. Principais países produtores de carne suína da América Latina entre 2010 e 2020.
Produção (milhares de t) | 2010 | 2011 | 2012 | 2013 | 2014 | 2015 | 2016 | 2017 | 2018 | 2019 | 2020 |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Brasil | 3.078 | 3.370 | 3.150 | 3.117 | 3.193 | 3.431 | 3.711 | 3.825 | 3.951 | 4.124 | 4.130 |
México | 1.175 | 1.202 | 1.239 | 1.284 | 1.290 | 1.323 | 1.376 | 1.440 | 1.501 | 1.447 | 1.649 |
Argentina | 279 | 301 | 331 | 416 | 442 | 484 | 522 | 567 | 621 | 610 | 655 |
Chile | 498 | 528 | 584 | 550 | 520 | 524 | 508 | 496 | 534 | 530 | 574 |
Colômbia | 195 | 226 | 243 | 265 | 289 | 320 | 357 | 371 | 410 | 447 | 469 |
Perú | 155 | 157 | 163 | 170 | 181 | 191 | 199 | 210 | 220 | 231 | 270 |
Equador | 95 | 105 | 115 | 120 | 126 | 138 | 150 | 161 | 150 | 187 | 190 |
Costa Rica | 44 | 46 | 48 | 48 | 51 | 53 | 62 | 63 | 67 | 68 | 74 |
Paraguai | 18 | 21 | 23 | 27 | 29 | 36 | 43 | 45 | 55 | 58 | 64 |
Panamá | 30 | 32 | 37 | 37 | 37 | 39 | 42 | 48 | 53 | 48 | 49 |
Total | 5.567 | 5.988 | 5.933 | 6.033 | 6.157 | 6.538 | 6.971 | 7.227 | 7.561 | 7.750 | 8.124 |
É uma grande surpresa que o país que apresentou o maior crescimento na última década foi o Paraguai, com 262%, seguido da Colômbia, com 141%, e da Argentina, com 135%. Em contraste, o Chile cresceu apenas 15,2% no mesmo período.
Da mesma forma, de acordo com os cálculos obtidos a partir da taxa composta de crescimento anual (CAGR), que apresentam resultados suavizados, reduzindo o efeito da volatilidade do mercado, os números de crescimento apresentam ordem semelhante (gráfico 2).
Agora, considerando que os países analisados representam cerca de 90% da produção latino-americana, pode-se dizer que a região apresentou uma evolução positiva, passando de 5.566.748 t em 2010 para 8.124.453 t em 2020, com uma taxa de crescimento consolidado de 44,9% e um CAGR total de 3,5% (gráficos 1 e 3).
Importações
Tabela 2.Importação de carne suína dos principais países produtores da América Latina entre 2010 e 2020.
Importações (milhares de t) |
2010 | 2011 | 2012 | 2013 | 2014 | 2015 | 2016 | 2017 | 2018 | 2019 | 2020 |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Brasil | - | - | - | - | - | - | - | - | 16 | 18 | 15 |
México | 498 | 416 | 516 | 574 | 601 | 723 | 755 | 803 | 875 | 1.140 | 1.095 |
Argentina | 48 | 55 | 31 | 17 | 9 | 12 | 28 | 39 | 45 | 33 | 22 |
Chile | 12 | 14 | 19 | 38 | 34 | 34 | 54 | 90 | 74 | 99 | 104 |
Colômbia | 23 | 28 | 37 | 57 | 64 | 56 | 58 | 81 | 106 | 115 | 76 |
Perú | - | - | 4 | 5 | 6 | 8 | 8 | 9 | 9 | 8 | 8 |
Equador | 14 | 15 | 15 | 13 | 10 | 7 | 3 | 4 | 4 | - | - |
Costa Rica | 5 | 3 | 4 | 5 | 5 | 7 | 9 | 13 | 11 | 12 | 9 |
Paraguai | 1 | 1 | 2 | 2 | 2 | 2 | 2 | 3 | 3 | 4 | 5 |
Panamá | - | - | - | - | 7 | 9 | 19 | 16 | 20 | 25 | 23 |
Total | 601 | 533 | 627 | 710 | 737 | 859 | 935 | 1.058 | 1.163 | 1.453 | 1.356 |
O principal importador de carne suína da América Latina é o México com uma taxa de crescimento de 120% entre 2010 e 2020. Isso se deve ao fato desse país se dedicar à exportação, e seu consumo per capita de carne suína é o maior da região , chegando a 19 kg, por isso deve recorrer à carne suína importada para suprir sua demanda interna. Em seguida, vêm o Chile, com alta de 756%, e a Colômbia, com 237%.
É importante destacar que, apesar dos números, países que têm volumes de importação bem menores, como Paraguai e Panamá, têm apresentado crescimento significativo nesta área nos últimos anos, importando volumes 414% e 224% maiores no ano para o qual os relatórios foram obtidos. Pelo contrário, o Equador tem apresentado uma diminuição significativa nas importações, com o que se pode inferir que grande parte do consumo interno de carne suína neste país é abastecido graças ao comportamento da produção nacional. Caso semelhante ocorre na Argentina que, apesar de ter sofrido variações interanuais significativas no período, reduziu suas importações em 53% desde 2010.
Por outro lado, todos os países incluídos, com exceção do Chile e do Panamá, apresentaram uma diminuição na quantidade de carne suína importada em 2020, o que tem sido regularmente associado à crise sanitária provocada pela COVID 19.
O Brasil é um caso particular quando se trata de importação. Por ser um grande produtor, tem a possibilidade não só de ser autossuficiente, mas também de exportar grande parte de sua produção, por isso vem reduzindo seu nível de importação nos últimos 3 anos.
Vale destacar que para a América Latina o aumento das importações a uma taxa muito superior até mesmo à produção (125%), passando de 600.739 para 1.356.453 t entre 2010 e 2020, com um CAGR consolidado de 7,7% para a região (gráficos 1 e 3), indica que boa parte do consumo interno está sendo abastecido por outros países, principalmente em países como México e Colômbia, Costa Rica e Panamá.
Exportações
Tabela 3.Exportações de carne suína dos principais países produtores da América Latina entre 2010 e 2020.
Export. t |
2010 | 2011 | 2012 | 2013 | 2014 | 2015 | 2016 | 2017 | 2018 | 2019 | 2020 |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Brasil | 540.000 | 516.000 | 581.477 | 517.000 | 505.000 | 555.000 | 672.762 | 656.145 | 634.000 | 734.000 | 1.021.000 |
México | 58.082 | 63.298 | 71.288 | 84.163 | 89.374 | 97.059> | 104.978 | 124.464 | 131.264 | 185.085 | 276.050 |
Argentina | 3.903 | 5.377 | 6.968 | 6.430 | 7.568 | 8.316 | 11.904 | 14.635 | 23.228 | 25.575 | 41.271 |
Chile | 93.671 | 100.888 | 132.466 | 120.310 | 121.783 | 133.727 | 130.022 | 127.470 | 193.342 | 220.284 | 283.454 |
Colômbia | 18 | 7 | 10 | 15 | 28 | 1 | 6 | 4 | 1.674 | 24 | 100 |
Costa Rica | 483 | 231 | 509 | 133 | 329 | 501 | 298 | 107 | 63 | 360 | 226 |
Paraguai | 26 | 56 | 1.065 | 2.325 | 2.351 | 2.969 | 3.149 | 3.399 | 5.204 | 4.739 | 5.462 |
Total | 696.184 | 685.857 | 793.783 | 730.377 | 726.433 | 797.573 | 923.119 | 926.224 | 988.775 | 1.170.067 | 1.627.563 |
Nem todos os países latino-americanos são exportadores de carne suína. De qualquer forma, 2020 foi um ano atípico, que impulsionou o crescimento e o desenvolvimento exportador de vários países da região. O melhor exemplo disso é o Brasil, que atingiu 1.021.000 t em 2020 devido à alta demanda por carne suína da Ásia após o surto de PSA na China e em outros países deste continente. Entre os principais destinos das exportações do país em questão estão Ásia (China, Hong Kong e Cingapura), América Latina (Chile, Uruguai e Argentina) e Rússia, de forma que alcançou um aumento de 89% nesta área durante a década.
No caso do Chile, as exportações atingiram 283.454 t, alcançando um crescimento de 203% no período analisado. O principal destino são os países asiáticos como China, Japão, Coréia do Sul e o mercado russo.
O México, por sua vez, é o terceiro maior exportador da América Latina para o ano de 2020, com 276.050 t e um aumento de 375%, marcando um aumento histórico de 49% nos últimos dois anos (2019 a 2020), passando a ser um dos principais exportadores para países asiáticos como Japão e, em menor escala, China e Coréia do Sul.
Outro país que mostra uma evolução interessante nesse sentido é a Argentina, com um aumento de 957% na última década, atingindo 41.271 t em 2020, posicionando-se como um importante agente dentro do grupo exportador de carne suína em nível regional. Como o México, a Argentina conseguiu aumentar significativamente suas exportações em 2019 e 2020 (61%).
Espera-se um aumento nas exportações graças aos acordos de livre comércio com os países asiáticos, que os levaram a aumentar suas exportações nos últimos meses.
Por fim, Costa Rica e Colômbia ainda exportam poucas toneladas, mas estão realizando medidas para aumentar sua participação nos próximos anos.
Assim como nos indicadores de produção e importação, a exportação de carne suína pela América Latina obteve um aumento substancial entre 2010 e 2020, passando de 696.184 t para 1.627.563 t com um crescimento de quase 134% e um CAGR de 8% (gráficos 1 e 3) . Consequentemente, a quantidade de exportações superou a de importações nesta região.
Em conclusão, o aumento da demanda de países asiáticos como China, Japão, Coréia do Sul, somado à disseminação da Peste Suína Africana em 13 países asiáticos e parte da Europa, gera uma maior demanda por proteína que está sendo abastecida em grande parte pelos países latino-americanos.