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É possível controlar os defeitos genéticos? (3/5)

Os defeitos genéticos incluem um amplo leque de patologias que podem ser controladas.

Os defeitos genéticos incluem um amplo leque de patologias. Estas podem ser controladas por um gene (locus único), ou por ação combinada de muitos genes (poligênicos) e/ou envolvendo fatores não genéticos ou ambientais. Além do mais, há desordens que parecem ser hereditárias mas das quais não temos suficientes evidências para concluir que genes estão envolvidos.

A base de dados standard para caracteres e transtornos herdados em espécies animais é a Online Mendelian Inheritance in Animals (OMIA). Esta base de dados pertence à Universidade de Sidney, na Austrália. Pode-se acessar à seção dedicada aos suínos neste link.

Esta base de dados descreve 222 defeitos e aponta as possíveis bases para a hereditariedade de cada transtorno. Este último é importante já que determina se o controle de um defeito é realista.

Alguns exemplos de desordens poligênicas são a criptorquidismo ou a hérnia escrotal – como há mais de um gene envolvido, o controle é complexo e será abordado em um artígo posterior.

Contudo, os defeitos de genes principais (únicos) são menos complexos – OMIA enumera 29 desordens de locus único. Destes, 9 foram caracterizados ao nível molecular, por isso pode-se utilizar testes de DNA para o controle:

Defeito Caracterizado a nível molecular
Artrogripose Não
Ataxia progressiva Sim
Nanismo Sim
Gangliosidose Não
Hemofilia A Não
Falta de pelo, com enfisema dependente da idade Não
Paralisisa de extremidades posteriores Não
Hipercolesterolemia Sim
Hipotricose, dominante Não
Hipotricose, recessiva Não
Falta de extremidades Não
Linfosarcoma Não
Hipertermia maligna (Halotano) Sim
Rendimento Napole (RN) Sim
Glomerulonefrite membranoproliferativa tipo II Sim
Diarreia neonatal, F4 Não
Transporte de nucleosídeos defeituoso Não
Porfiria eritropoiética congênita Não
Porfiria, sem classificar Não
Miopatia progressiva (Creeper) Não
Deficiência de protamina-2 Não
Cistos renais Não
Receptor E. coli F18 - resistência à doença dos edemas Sim
Inversão de sexo: XX macho Não
Defeito de cauda curta e imóvel (ISTS) Sim
Síndrome de Campus, tremores Não
Tremores, relacionados com X Não
Raquitismo por deficiência de vitamina D, tipo I (PDDR) Sim
Doença de Von Willebrand Não


Hipertermia maligna (halotano) – um defeito de locus único.

Deve-se levar em conta que vários destes “defeitos” são muito pouco frequentes – em alguns casos só há um caso descrito na literatura. Contudo, há três genes principais de importância significativa para a indústria – hipertermia maligna/halotano/estresse e os dois genes de E. coli (F4 e F18) – que têm testes de DNA disponíveis para os programas de seleção. Além do mais, a incidência de ISTS foi rapidamente reduzida na população de Finnish Yorkshire utilizando marcadores genéticos para a seleção.

Para outros caracteres de importância econômica onde não há testes de DNA disponíveis, o controle é frequentemente pouco confiável devido a fatores limitantes. Contudo, a experiência clínica sugere que as seguintes “regras” costumam funcionar:

- Não é aconselhável o uso de animais “corrigidos” cirurgicamente como futuros reprodutores (ex: atresia ou hérnias).

- Quando a incidência aumenta rapidamente acima dos valores “normais”, deve-se investigar a possível presença de micotoxinas na ração e rever se as especificações da dieta se ajustam aos valores recomendados. Por exemplo, valores baixos de certos aminoácidos e vitaminas foram relacionados com altas incidências de splayleg.

- Os fatores ambientais podem ser importantes, por isso deve-se revê-los nas granjas que aumentam os defeitos. Alguns exemplos são o prolapso retal (aumento de tosse, diarreia, lutas, baias com solo inadequado...) e splayleg (estado do piso na maternidade).


Splayleg – as múltiplas causas dificultam o seu controle.

- Como último recurso numa granja com uma alta incidência que cause perdas econômicas graves, pode-se considerar a aplicação de um programa de abate dos animais afetados e dos seus pais e irmãos. Contudo, deve-se manter registros precisos para monitorar a situação!

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