X
XLinkedinWhatsAppTelegramTelegram
0
Leia este artigo em:

Diarreia neonatal: as medidas de manejo

É melhor separar as marrãs das multíparas? Quais medidas de biossegurança interna são mais importantes? Neste artigo, discutiremos com 4 veterinários renomados quais recomendações eles têm a fazer sobre esses e muitos outros pontos.

Manejo de leitões, mamada do colostro, transferências, conforto ambiental, etc. são fatores altamente relacionados ao surgimento e gravidade da diarreia neonatal.

A importância do fornecimento de colostro

Os quatro profissionais concordam sobre a importância do fornecimento do colostro e também sobre o desafio de ter fêmeas hiperprolíficas, sendo de grande importância a mamada nas primeiras horas, em quantidade e qualidade aos recém nascidos, cuja a quantidade necessária aumenta com o tamanho dos leitões.

No Brasil, Guedes nos conta que assiste ao parto secando cada leitão e colocando-o para mamar o colostro. Nas melhores granjas conseguem administrar colostro individualmente aos recém nascidos, inclusive por via intragástrica.

Todos concordam que é cada vez mais comum a amamentação sequencial (imagem 1) para que todos os leitões recebam colostro suficiente.

Imagem 1.  A mamada dividida sequencial ajuda todos os leitões a obter colostro suficiente.
Imagem 1.  A mamada dividida sequencial ajuda todos os leitões a obter colostro suficiente.

Vraeghe conta que, durante o trabalho de parto, eles verificam se os cordões umbilicais estão secos para determinar quais leitões foram os primeiros a nascer e os separam por algumas horas para permitir que o que nascerão depois consigam mamar.

O manejo dos leitões.

Os quatro profissionais acreditam que as adoções e retirada devam ocorrer entre 12 e 24 horas após o parto, uma vez que os leitões tenham sido amamentados com suas respectivas mães.

Em relação à transferência de leitões, Cantín relata que após a mamada do colostro, as leitegadas devem ser equalizadas em peso e em número de tetas, levando os menores leitões às fêmeas de segundo parto o mais rápido possível. Porém, com linhagens hiperprolíficas, não é regra as porcas amamentarem 15-16 leitões em todas as granjas, portanto cada granja deve analisar suas condições quanto a instalações, alimentação, manejo, etc. e, com base nisso, ver com quantos leitões cada porca pode amamentar. Quando as fêmeas estão sobrecarregadas com muitos leitões, aparece diarreia, não em 2-3 dias, mas em 4-5 dias, devido à má nutrição dos leitões.

Outro fator a se levar em consideração é o das amas de leite, Ackerman explica que há granjas em que se deixam 5 ou 10% das baias livres para poder colocar as fêmeas com refugos de leitões e assim não tirar os leitões do galpão original.

Vraeghe insiste em que as granjas com reincidência de diarreia, moviam os leitões antes do início do problema. Uma vez que os leitões são afetados, fazer a equalização das leitegadas é criar o caos.

Ambiente

Vraeghe enfatiza a importância do meio ambiente. Ele explica que quando enfrentamos problemas de diarreia sempre enfatizam a importância do conforto ambiental do leitão e da fêmea.

É preciso evitar temperaturas muito altas no parto (> 26ºC) que “bloqueiem” a porca, reduzindo o consumo e afetando a produção de leite. A fêmea deve estar em ambiente com 24-25ºC na hora do parto e reduzir essa temperatura para 21ºC alguns dias depois.

Por outro lado, é essencial obter um microclima para o leitão. O leitão precisa de 35-37ºC nos primeiros dias e 30-32ºC depois. Na Bélgica é comum usar uma combinação de placa térmica e fonte de calor direta. O mais importante é que o produtor aprenda a observar como o leitão se comporta no ambiente.

Ackerman concorda com ele, na importância de evitar deslocamentos dos leitões, além das oscilações térmicas e alta umidade que são claramente fatores causadores da diarreia neonatal.

Bioseguridade interna

Perguntamos aos autores quais as medidas de biossegurança interna que consideram importantes na prevenção da diarreia.

Guedes aponta para a limpeza dos dejetos atrás da fêmea por 3-4 dias antes do parto e 2-3 dias depois como uma medida essencial.

Ackerman acredita que uma das principais fontes de disseminação dessas diarreias é durante o manejo dos leitões nos deslocamentos Em sua experiência, os carrinhos de transporte são pontos de infecção, pois não podem ser limpos e desinfetados de maneira adequada entre o uso das leitegadas.

Também tenta reduzir a propagação que ocorre através dos calçados com o uso de pedilúvios com desinfetantes como alvejantes (imagem 2). Outras medidas adotadas são a minimização das entradas na maternidade e também a limpeza e desinfecção dos corredores com água sanitária ao desmamar ou deslocar os animais entre as instalações para não se espalhar e estabelecer casos crônicos de diarreia. O último é especialmente importante em granjas onde a Diarreia Epidêmica Suína ou Gastroenterite Transmissível se tornaram crônicas.

Imagem 2. A utilização de pedilúvios na entrada das maternidades, bem como as medidas de limpeza geral e ordem na granja, são importantes para minimizar a pressão de infecção.
Imagem 2. A utilização de pedilúvios na entrada das maternidades, bem como as medidas de limpeza geral e ordem na granja, são importantes para minimizar a pressão de infecção.

E aponta uma última ideia interessante: ele é a favor da mistura de marrãs e multíparas na maternidade já que, em sua opinião, as leitegadas multíparas localizadas entre as marrãs atuam como barreira natural, reduzindo o risco de transmissão de diarreia entre uma leitegada de uma nulípara para outra.

Caso os leitões sejam transferidos ​​quando já houver diarreia, Vraeghe sempre recomenda que você comece com as leitegadas não afetadas.

Cantín é mais cético quanto a tomar medidas extras de higiene que tornam o gerenciamento da granja muito difícil. Ele é claro: a prevenção depende muito mais da imunidade do que de fatores externos. O básico é que a fêmeas tem anticorpos e os transmite ao leitão por meio de uma ingestão adequada de colostro. Nesse caso, com as medidas normais de limpeza e desinfecção, não haverá problema. Pelo contrário, quando o leitão não tem níveis suficientes de anticorpos, você não elimina o problema, não importa o quanto você tome medidas de higiene extremas na granja. Ela acha que às vezes todas essas medidas desviam o foco do que realmente precisa ser resolvido.

Usamos o resumo de Guedes para encerrar este artigo: os três principais pontos para o controle da diarreia são o manejo do ambiente adequado para o leitão, proporcionar imunidade à fêmeas para que o leitão adquira através de uma ingestão adequada de colostro, e o controle da infecção através da limpeza, higiene e tempo de vazio sanitário. Nenhum desses 3 aspectos pode falhar se quisermos ter um controle adequado da diarreia.

Comentários ao artigo

Este espaço não é um local de consultas aos autores dos artigos, mas sim um local de discussão aberto a todos os usuários da 3tres3.
Insira um novo comentário

Para realizar comentários é necessário ser um usuário cadastrado da 3tres3 e fazer login:

Você não está inscrito na lista A web em 3 minutos

Um resumo semanal das novidades da 3tres3.com.br

Faça seu login e inscreva-se na lista

Artigos relacionados

Bem vindo a 3tres3

Conecte-se, compartilhe e interaja com a maior comunidade de profissionais da suinocultura.

Já somos 153582 Usuários!

Cadastre-seJá é usuário?

tags

Você não está inscrito na lista A web em 3 minutos

Um resumo semanal das novidades da 3tres3.com.br

Faça seu login e inscreva-se na lista