X
XLinkedinWhatsAppTelegramTelegram
0
Leia este artigo em:

Diagnóstico laboratorial: doença do edema

Que métodos de diagnóstico laboratorial posso usar para diagnosticar a doença do edema? Qual devo escolher de acordo com a situação? Como posso interpretar os resultados?

Testes disponíveis

Cultivo bacteriano

  • Isolamento de organismos vivos

  • Tipo de amostra: fezes, conteúdo intestinal.

  • Prós:
    • As bactérias são fáceis de cultivar em 1 dia.
    • Fácil para fazer em qualquer laboratório (mesmo interno).
    • Custo relativamente baixo.
  • Contras:
    • Algumas E. coli formam parte da flora intestinal normal.
    • Os suínos tem diferentes E. coli ao mesmo tempo.
    • Se os suínos forem previamente tratados com antibióticos, isso pode prevenir o crescimento bacteriano.

Susceptibilidade antimicrobiana (antibiograma)

  • Teste in vitro: capacidade de um organismo vivo crescer sob baixa concentração específica de diferentes antimicrobianos.
  • Tipo de amostra: fezes, conteúdo intestinal.
  • Prós:
    • Identificação de susceptibilidade ou resistência de cepas específicas a antimicrobianos comuns.
    • Identificação de tendências de resistência aos antimicrobianos.
  • Contras:
    • Requer um isolado bacteriano.
    • Os testes in vitro podem diferir ligeiramente dos resultados in vivo.
    • Alguns antimicrobianos específicos podem não ser incluídos ou exigir testes especiais separados.
    • Custo moderado.

Histopatologia

  • Avalia a presença de lesões em tecido (danos) que podem confirmar a presença da doença. As vezes, a presença de organismos também podem ser detectada diretamente (bactérias e parasitas) ou indiretamente (vírus) usando colorações especiais adicionais.

  • Tipo de amostra: tecidos.

  • Prós:
    • Associa a adesão bacteriana com o dano intestinal.
    • Não necessita coloração especial.
  • Contras:
    • Os tecidos intestinais devem ser fixados com formaldeído dentro de 15 minutos após a morte do animal, pois o tecido intestinal se decompõe rapidamente.

    • A doença pode se segmentar, portanto, várias amostras intestinais devem ser enviadas.

Genotipagem

  • Técnica de PCR (reação em cadeia da polimerase) que detecta a presença de uma sequência específica de ácidos nucléicos (DNA) associada a genes de virulência conhecidos.

  • Prós:
    • Realizado mediante PCR; fácil de fazer.
    • Ajuda a identificar a patogenicidade ao detectar a presença de genes (não necessariamente a expressão de genes) associados com fatores de virulência.
      • Genes de toxinas: EAST1, LT, STa, STb, Stx1, Stx2, Stx2e.
      • Genes de Pilus: F18, F41, K88 (F4), K99 (F5), 987P (F6).
      • Genes de adesinas: AIDA, EAEA, PAA
    • Facilita a seleção adequada da vacina (combinando pili correto)
    • Ajuda a confirmar que o isolado possui genes para a doença do edema.

Genes de E. coli detectados mediante genotipagem por PCR e por sua função. Os genes destacados em vermelho são importantes para o diagnóstico da doença do edema.

Gen Tipo Descrição
EAST1 Toxina

A toxina intestinal se liga ao mesmo receptor e estimula a mesma via secretora que a Sta (a causa da diarreia não está bem estabelecida)

LT Toxina Toxina Intestinal que estimula a secreção intestinal
STa Toxina Toxina intestinal que estimula a secreção intestinal principalmente em suínos jovens (diminui a absorção de água e eletrólitos)
STb Toxina

Toxina intestinal que estimula uma diarreia secretora, principalmente em suínos mais velhos (aumenta a secreção de enterócitos)

Stx1 Toxina A toxina intestinal pode ser encontrada em cepas patogênicas e não patogênicas
Stx2 Toxina A toxina intestinal pode ser encontrada em cepas patogênicas e não patogênicas
Stx2e Toxina Toxina sistêmica que induz dano vascular e doença do edema
F18 (F107) Adesina Pili (fimbria) usada para fixação que está presente após os 20 dias de idade e comumente associada a diarreia pós-desmame e doença do edema.
F41 Adesina Pili (fimbria) usada para fixação principalmente em recém nascidos.
K88 (F4) Adesina Pili (fimbria) usada para fixação em recém-nascidos até animais mais velhos.
K99 (F5) Adesina Pili (fimbria) usada para fixação principalmente em recém nascidos.
987P (F6) Adesina Pili (fimbria) usada para fixação principalmente em recém nascidos.
AIDA Adesina "Adesina envolvida na adesão difusa" não fimbrial, mas comumente encontrada junto a F18
EAE Adesina Adesina não fimbrial que contribui para as lesões de adesão e eliminação ("attaching-and-effacing")
PAA Adesina Adesina não fimbrial essencial para que se produza as lesões de adesão e eliminação ("attaching-and-effacing")
  • Contras:
    • Requer isolamento bacteriano.
    • Os suínos podem ter mais de uma cepa ao mesmo tempo, portanto, temos que confiar que isolamos a cepa correta.
    • Preço moderado, mas normalmente apenas um isolado é analisado.

Interpretação dos resultados:

Cultivo bacteriano:

  • Deve ser uma E. coli hemolítica.
    Figura 1. Cultivo isolado de E. coli hemolítica em ágar sangue. A área clara ao redor de cada colônia bacteriana indica hemólise (decomposição do sangue na placa de ágar). Fonte: Iowa State University, Veterinary Diagnostic Laboratory, Bacteriology Section.
    Figura 1. Cultivo isolado de E. coli hemolítica em ágar sangue. A área clara ao redor de cada colônia bacteriana indica hemólise (decomposição do sangue na placa de ágar). Fonte: Iowa State University, Veterinary Diagnostic Laboratory, Bacteriology Section.
  • Pureza:
    • Crescimento puro: altamente sugestivo de que está contribuindo para a doença.
    • Crescimento misto: valor questionável.

  • Quantidade:
    • Alta: altamente sugestivo de que está contribuindo com a doença.
    • Moderada: interpretação variável.
    • Baixo: valor questionável (poderia ser um contaminante).
    • Sem crescimento: Animal possivelmente tratado previamente com antibióticos ou agente sem contribuição significativa.

Susceptibilidade antimicrobiana (antibiograma):

  • Suscetível: possível boa opção de tratamento se o antimicrobiano puder atingir o tecido-alvo.
  • Resistente: tem que selecionar um antimicrobiano diferente.
  • CIM: se a (concentração inibitória mínima) for realizada, deve-se garantir que o antimicrobiano selecionado atinja o valor da CIM indicado no órgão-alvo.

Histopatologia:

  • Positivo: Forte associação como causa se for capaz de demonstrar lesões intestinais com E. coli aderindo as células epiteliais.
  • Negativo: Sem lesões intestinais.

Genotipagem:

  • A genotipagem é necessária para confirmar que o isolado possui fatores de virulência associados à doença edema.

    • Deve ser F4 ou F18.
    • Deve ter a toxina shiga (Stx2e).

Cenário


Suínos com diarreia pós- desmame:

  • Colete swabs retais de 2 ou mais animais com diarreia, não tratados com antibióticos e envie-os para cultura bacteriana, antibiograma e genotipagem

  • Eutanásia 1-3 leitões com diarreia que não tenham recebido tratamento. Colete imediatamente 3 amostras de intestino de cada leitão e coloque-as em solução de formaldeído. Colete amostras frescas de intestino para enviá-las refrigeradas para cultura bacteriológica, antibiograma e genotipagem.

Consulte o ''guia de enfermidades'' para mais informações

Doença do EdemaA doença de edema ocorre no pós-desmame e é caracterizada por uma E. coli K88 (F4) ou F18 que produz uma toxina vascular muito potente, causando morte súbita, edema e/ou sinais neurológicos.

Comentários ao artigo

Este espaço não é um local de consultas aos autores dos artigos, mas sim um local de discussão aberto a todos os usuários da 3tres3.
Insira um novo comentário

Para realizar comentários é necessário ser um usuário cadastrado da 3tres3 e fazer login:

Você não está inscrito na lista A web em 3 minutos

Um resumo semanal das novidades da 3tres3.com.br

Faça seu login e inscreva-se na lista

Artigos relacionados

A necropsia dos casos de diarreia por ETEC geralmente mostra alças intestinais dilatadas, delgadas e congestionadas, cheias de diarreia aquosa amarela.

Infecções por Escherichia coli em suínos (2 de 2)

A colibacilose pós-desmame e doença do edema são infecções comuns em suínos de todo o mundo – estas estirpes de E. coli parecem "fazer parte" da maioria das granjas suínas. A vacinação de matrizes ou leitoas com vacinas frente a ETEC não tem nenhum efeito sobre as infecções por E. coli pós-desmame.

Bem vindo a 3tres3

Conecte-se, compartilhe e interaja com a maior comunidade de profissionais da suinocultura.

Já somos 153573 Usuários!

Cadastre-seJá é usuário?

tags

Você não está inscrito na lista A web em 3 minutos

Um resumo semanal das novidades da 3tres3.com.br

Faça seu login e inscreva-se na lista