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Diagnóstico laboratorial: Rotavírus

Quais métodos de diagnóstico laboratorial posso usar para diagnosticar o rotavírus? Qual devo escolher com base na situação? Como interpreto os resultados?

Existem três grupos principais de rotavírus que causam diarreia em suínos: Rotavírus A, Rotavírus B e Rotavírus C. Cada grupo de vírus é diferente dos outros e requer testes específicos desenvolvidos para eles. A diarreia em suínos frequentemente envolve infecções por múltiplos grupos de rotavírus ao mesmo tempo.

Testes disponíveis:

Patologia macroscópica

  • Avalia a presença de estreitamento da parede do intestino delgado que pode sugerir a presença de doença.
  • Localização das lesões: jejuno e íleo.
  • Prós:
    • Resultados rápidos e econômicos
    • Aplicável a todos os três grupos de rotavírus
  • Contras:
    • Não diagnóstico – lesões semelhantes podem ser encontradas em outras doenças, especialmente infecções por coronavírus (gastroenterite transmissível, diarreia epidêmica suína e delta coronavírus suíno)
    • Requer tecidos frescos (<15 min), pois a decomposição altera drasticamente a aparência do intestino delgado
    • Não faz distinção entre diferentes grupos de rotavírus

Atrofia das vilosidades causada por rotav&iacute;rus. Foto de&nbsp;Swine Diseases por&nbsp;Perle Zhitnitskiy, DVM, MSpVM. Fonte: Dr. Carlos Pijoan https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/
Atrofia das vilosidades causada por rotavírus. Foto de Swine Diseases por Perle Zhitnitskiy, DVM, MSpVM. Fonte: Dr. Carlos Pijoan https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/
Histopatologia

  • Avalia a presença de lesões teciduais (atrofia das vilosidades do intestino delgado) que podem sugerir fortemente a presença de doença.
  • Tipos de amostras: tecido do jejuno e íleo.
  • Prós:
    • Confirma atrofia das vilosidades sugerindo enterite viral
  • Contras:
    • É necessário fixar os tecidos intestinais com formalina em menos de 15 minutos após a morte do animal. O tecido intestinal se decompõe rapidamente

Imuno-histoquímica (IHC)

  • Detecta a presença de antígeno viral.
  • Tipos de amostras: tecido do jejuno e íleo.
  • Prós:
    • Diagnóstico definitivo: pode confirmar a presença do vírus com lesões associadas
  • Contras:
    • Atualmente disponível apenas para Rotavírus A e Rotavírus C (não disponível para Rotavírus B)

Reação em cadeia de polimerase (PCR)

  • Detecta a presença de uma sequência específica de ácido nucleico viral (RNA)
  • Tipos de amostras: tecidos intestinais do jejuno e íleo, esfregaços fecais, fezes.
  • Prós:
    • A PCR multiplex pode detectar diferentes grupos de rotavírus, incluindo Rotavírus A, Rotavírus B e Rotavírus C
    • Alta sensibilidade
    • Quantificação por PCR
    • Custo moderado
      • Amostras de fezes ou tecidos podem muitas vezes ser agrupadas para reduzir custos e minimizar a perda de sensibilidade (especialmente no que diz respeito à relevância clínica)
  • Contras:
    • Alta sensibilidade – pode confirmar a presença do vírus, mas não a doença (alta prevalência do vírus no ambiente)

Isolamento do vírus

  • Isolamento de vírus vivo
  • Tipos de amostras: tecidos intestinais do jejuno e íleo, esfregaços fecais, fezes.
  • Prós:
    • Isolamento do vírus para uso no desenvolvimento de vacinas (vacinas autógenas)
  • Contras:
    • Caro
    • Resultados lentos
    • Atualmente disponível apenas para Rotavírus A e não para Rotavírus B ou Rotavírus C
    • Muitas vezes difícil de cultivar (muitos falsos negativos)
    • A manipulação de amostras do campo para o laboratório pode afetar a sobrevivência do vírus

Ensaio imunoabsorvente enzimático (ELISA)

  • Detecta a presença de anticorpos.
  • Tipos de amostras: soro.
  • Prós:
    • Os animais permanecem positivos durante várias semanas
    • Pode identificar granjas negativas
  • Contras:
    • A elevada prevalência do vírus no ambiente resulta numa exposição comum em muitos/maioria dos suínos
    • Requer um teste específico para cada grupo de rotavírus
    • Não há proteção cruzada entre diferentes grupos de rotavírus

Tabela 1. Resumo dos testes aplicáveis ​​em relação aos diferentes grupos de rotavírus.

Rotavírus A Rotavírus B Rotavírus C Permite diferenciar os grupos?
Patologia macroscópica Sim Sim Sim Não
Histopatologia Sim Sim Sim Não
Imuno-histoquímica (IHC) Sim Não Sim Sim
Reação em cadeia de polimerase (PCR) Sim Sim Sim Sim
Isolamento do vírus Sim Não Não Não
Ensaio imunoabsorvente enzimático (ELISA) Sim Não Não Não

Interpretação dos resultados:

Patologia macroscópica

  • Positivo: Confirmação preliminar da presença de estreitamento intestinal.
  • Negativo: Casos iniciais ou leves podem não manifestar lesões intestinais extensas.

Histopatologia

  • Positivo: Confirmação da doença, mas não da causa da doença.
  • Negativo: Negativo ou lesões não são detectadas se a amostra errada for testada ou feita muito tempo após a infecção.

IHC

  • Positivo: O vírus está presente no local da lesão.
  • Negativo: Negativo ou o vírus não é detectado se o teste for realizado muito depois da infecção ou se a concentração do vírus for muito baixa (presente apenas por um curto período de tempo).

PCR

  • Positivo: Confirmação da presença dos diferentes grupos de rotavírus (A, B e C).
  • Negativo: Negativo, o vírus não é detectado se o teste for realizado muito depois da infecção ou devido à seleção ou manuseio incorreto da amostra.

Isolamento do vírus

  • Positivo: Confirmação da presença do vírus, mas não da doença.
  • Negativo: Negativo, o vírus não é detectado se o teste for realizado muito depois da infecção ou simplesmente não pode crescer devido a outra contaminação ou manuseio inadequado (presente, mas muito difícil de cultivar). Não detecta Rotavírus B ou Rotavírus C.

ELISA

  • Positivo: Exposição prévia (> 2-4 semanas) à vacina ou vírus de campo. Nenhuma associação de positividade e doença.
  • Negativo:
    • Negativo para vacina ou vírus de campo
    • Infecção muito recente para ser detectada

Caso clínico:

Leitões recém-nascidos com diarreia (aguda ou crônica)

  • Coletar amostras fecais de 10 ou mais animais não tratados com diarreia e enviá-las para testes PCR para Rotavírus A, Rotavírus B e Rotavírus C em grupos de 5.
  • Necrópsia 1-3 suínos quê morreram recentemente ou que foram eutanasiados com diarreia. Avaliar macroscopicamente o jejuno e o íleo quanto o estreitamento da parede intestinal. Coletar amostras e fixá-las em formalina para histopatologia e IHQ.

Leitões recém-desmamados com diarreia (aguda ou crônica)

  • Coletar amostras fecais de 10 ou mais suínos não tratados com diarreia e enviá-las para testes PCR para Rotavírus A, Rotavírus B e Rotavírus C em grupos de 5.
  • Necrópsia 1-3 animais que morreram recentemente ou que foram eutanasiados com diarreia. Avaliar macroscopicamente o jejuno e o íleo quanto o estreitamento da parede intestinal. Coletar amostras e fixá-las em formalina para histopatologia e IHQ.

Consulte o ''guia de enfermidades'' para mais informações

Infecção por rotavírusO rotavírus apresenta-se clinicamente como uma diarreia do intestino delgado em leitões lactentes e nas primeiras semanas depois do desmame.

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