Existem três grupos principais de rotavírus que causam diarreia em suínos: Rotavírus A, Rotavírus B e Rotavírus C. Cada grupo de vírus é diferente dos outros e requer testes específicos desenvolvidos para eles. A diarreia em suínos frequentemente envolve infecções por múltiplos grupos de rotavírus ao mesmo tempo.
Testes disponíveis:
Patologia macroscópica
- Avalia a presença de estreitamento da parede do intestino delgado que pode sugerir a presença de doença.
- Localização das lesões: jejuno e íleo.
- Prós:
- Resultados rápidos e econômicos
- Aplicável a todos os três grupos de rotavírus
- Contras:
- Não diagnóstico – lesões semelhantes podem ser encontradas em outras doenças, especialmente infecções por coronavírus (gastroenterite transmissível, diarreia epidêmica suína e delta coronavírus suíno)
- Requer tecidos frescos (<15 min), pois a decomposição altera drasticamente a aparência do intestino delgado
- Não faz distinção entre diferentes grupos de rotavírus
Histopatologia
- Avalia a presença de lesões teciduais (atrofia das vilosidades do intestino delgado) que podem sugerir fortemente a presença de doença.
- Tipos de amostras: tecido do jejuno e íleo.
- Prós:
- Confirma atrofia das vilosidades sugerindo enterite viral
- Contras:
- É necessário fixar os tecidos intestinais com formalina em menos de 15 minutos após a morte do animal. O tecido intestinal se decompõe rapidamente
Imuno-histoquímica (IHC)
- Detecta a presença de antígeno viral.
- Tipos de amostras: tecido do jejuno e íleo.
- Prós:
- Diagnóstico definitivo: pode confirmar a presença do vírus com lesões associadas
- Contras:
- Atualmente disponível apenas para Rotavírus A e Rotavírus C (não disponível para Rotavírus B)
Reação em cadeia de polimerase (PCR)
- Detecta a presença de uma sequência específica de ácido nucleico viral (RNA)
- Tipos de amostras: tecidos intestinais do jejuno e íleo, esfregaços fecais, fezes.
- Prós:
- A PCR multiplex pode detectar diferentes grupos de rotavírus, incluindo Rotavírus A, Rotavírus B e Rotavírus C
- Alta sensibilidade
- Quantificação por PCR
- Custo moderado
- Amostras de fezes ou tecidos podem muitas vezes ser agrupadas para reduzir custos e minimizar a perda de sensibilidade (especialmente no que diz respeito à relevância clínica)
- Contras:
-
Alta sensibilidade – pode confirmar a presença do vírus, mas não a doença (alta prevalência do vírus no ambiente)
-
Isolamento do vírus
- Isolamento de vírus vivo
- Tipos de amostras: tecidos intestinais do jejuno e íleo, esfregaços fecais, fezes.
- Prós:
- Isolamento do vírus para uso no desenvolvimento de vacinas (vacinas autógenas)
- Contras:
- Caro
- Resultados lentos
- Atualmente disponível apenas para Rotavírus A e não para Rotavírus B ou Rotavírus C
- Muitas vezes difícil de cultivar (muitos falsos negativos)
- A manipulação de amostras do campo para o laboratório pode afetar a sobrevivência do vírus
Ensaio imunoabsorvente enzimático (ELISA)
- Detecta a presença de anticorpos.
- Tipos de amostras: soro.
- Prós:
- Os animais permanecem positivos durante várias semanas
- Pode identificar granjas negativas
- Contras:
- A elevada prevalência do vírus no ambiente resulta numa exposição comum em muitos/maioria dos suínos
- Requer um teste específico para cada grupo de rotavírus
- Não há proteção cruzada entre diferentes grupos de rotavírus
Tabela 1. Resumo dos testes aplicáveis em relação aos diferentes grupos de rotavírus.
Rotavírus A | Rotavírus B | Rotavírus C | Permite diferenciar os grupos? | |
---|---|---|---|---|
Patologia macroscópica | Sim | Sim | Sim | Não |
Histopatologia | Sim | Sim | Sim | Não |
Imuno-histoquímica (IHC) | Sim | Não | Sim | Sim |
Reação em cadeia de polimerase (PCR) | Sim | Sim | Sim | Sim |
Isolamento do vírus | Sim | Não | Não | Não |
Ensaio imunoabsorvente enzimático (ELISA) | Sim | Não | Não | Não |
Interpretação dos resultados:
Patologia macroscópica
- Positivo: Confirmação preliminar da presença de estreitamento intestinal.
- Negativo: Casos iniciais ou leves podem não manifestar lesões intestinais extensas.
Histopatologia
- Positivo: Confirmação da doença, mas não da causa da doença.
- Negativo: Negativo ou lesões não são detectadas se a amostra errada for testada ou feita muito tempo após a infecção.
IHC
- Positivo: O vírus está presente no local da lesão.
- Negativo: Negativo ou o vírus não é detectado se o teste for realizado muito depois da infecção ou se a concentração do vírus for muito baixa (presente apenas por um curto período de tempo).
PCR
- Positivo: Confirmação da presença dos diferentes grupos de rotavírus (A, B e C).
- Negativo: Negativo, o vírus não é detectado se o teste for realizado muito depois da infecção ou devido à seleção ou manuseio incorreto da amostra.
Isolamento do vírus
- Positivo: Confirmação da presença do vírus, mas não da doença.
- Negativo: Negativo, o vírus não é detectado se o teste for realizado muito depois da infecção ou simplesmente não pode crescer devido a outra contaminação ou manuseio inadequado (presente, mas muito difícil de cultivar). Não detecta Rotavírus B ou Rotavírus C.
ELISA
- Positivo: Exposição prévia (> 2-4 semanas) à vacina ou vírus de campo. Nenhuma associação de positividade e doença.
- Negativo:
- Negativo para vacina ou vírus de campo
- Infecção muito recente para ser detectada
Caso clínico:
Leitões recém-nascidos com diarreia (aguda ou crônica)
- Coletar amostras fecais de 10 ou mais animais não tratados com diarreia e enviá-las para testes PCR para Rotavírus A, Rotavírus B e Rotavírus C em grupos de 5.
- Necrópsia 1-3 suínos quê morreram recentemente ou que foram eutanasiados com diarreia. Avaliar macroscopicamente o jejuno e o íleo quanto o estreitamento da parede intestinal. Coletar amostras e fixá-las em formalina para histopatologia e IHQ.
Leitões recém-desmamados com diarreia (aguda ou crônica)
- Coletar amostras fecais de 10 ou mais suínos não tratados com diarreia e enviá-las para testes PCR para Rotavírus A, Rotavírus B e Rotavírus C em grupos de 5.
- Necrópsia 1-3 animais que morreram recentemente ou que foram eutanasiados com diarreia. Avaliar macroscopicamente o jejuno e o íleo quanto o estreitamento da parede intestinal. Coletar amostras e fixá-las em formalina para histopatologia e IHQ.