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Constipação em matrizes, um inimigo oculto (2/2): avaliação e intervenção

Se quisermos avaliar a situação atual da nossa granja e determinar a incidência de constipação, é fundamental contar com metodologias repetíveis, simples e práticas para aplicação em granjas comerciais.

Algumas opções para essas técnicas estão listadas abaixo:

Figura 1. Técnicas para medir a incidência de constipação em matrizes.
Figura 1. Técnicas para medir a incidência de constipação em matrizes.

A metodologia utilizada nas pesquisas aplicadas, realizadas em granjas comerciais, é a técnica número 3. Esta técnica permite estabelecer um valor objetivo, ou seja, as horas que uma matriz leva para defecar desde o nascimento, para posterior análise matemática.

Na imagem 1 você pode ver as diferentes consistências das fezes em relação aos dias decorridos desde o parto até a fêmea defecar. Observa-se que quanto mais tempo a matriz demora para defecar, maior será a dureza e consistência das fezes.

Imagem 1. Aspecto visual das fezes de matrizes constipadas.

Os testes em granjas comerciais permitiram a construção de um extenso banco de dados de múltiplas granjas em vários países da América Latina e da Europa. Este amplo espectro de dados leva à compreensão de que os desafios e as experiências partilhadas nesta área são mais comuns do que muitas vezes se imagina.

Abaixo, na Figura 2, estão resumidos os 10 efeitos mais significativos observados nas granjas avaliadas durante os últimos 2 anos.

Figura 2. Resumo dos efeitos da constipação no desempenho das matrizes.
Figura 2. Resumo dos efeitos da constipação no desempenho das matrizes.

Após estudos intensivos, foi identificada uma série de ferramentas nas áreas de nutrição, alimentação e gestão que podem ser eficazes na redução deste desafio.

  • Monitoramento e registro de dados: manter registros detalhados da saúde e do comportamento das matrizes, bem como dos parâmetros relacionados à alimentação, hidratação e manejo, pode fornecer informações valiosas para identificar tendências e ajustar proativamente as estratégias de prevenção da constipação.
  • Transferência de matrizes para salas de maternidade: é fundamental que este processo seja realizado com calma e suavidade, para minimizar o stress que pode afetar a atividade normal da função digestiva.
  • Maximizar o consumo de água de qualidade: em muitas granjas, o sistema de abastecimento de água durante a gestação difere daquele utilizado nas salas de maternidade, o que pode resultar numa diminuição da hidratação durante os primeiros dias após a transferência para estas salas. É fundamental garantir um fluxo adequado de água nos momentos em que todas as matrizes estão se alimentando e também garantir a qualidade da água oferecida.
  • Rotina de alimentação: garantir o consumo regular e frequente de ração, evitando longos períodos de jejum nas matrizes, é essencial para melhorar a sua função digestiva.
  • Dietas de periparto: o desenho personalizado das dietas durante o período é vital. Esta abordagem envolve a combinação meticulosa de ingredientes, bem como aditivos nutricionais e não nutricionais, com o objetivo de enfrentar os desafios específicos enfrentados por cada granja.
  • Uso de fibras: A fibra desempenha um papel crucial na prevenção da constipação em suínos, promovendo a motilidade intestinal, a retenção de água e a consequente formação de fezes adequadas. Embora tenham sido feitos progressos na compreensão dos seus benefícios, ainda permanecem desafios na otimização da sua utilização e dosagem para cada fase, destacando a necessidade de mais investigação para melhorar a sua implementação e maximizar o seu impacto na integridade gastrointestinal e na saúde dos suínos.
  • Uso de probióticos: foi demonstrado que o uso de leveduras vivas como probióticos tem um impacto positivo na redução da constipação em matrizes. Estas leveduras, quando administradas de forma adequada na dieta, promovem o equilíbrio da flora intestinal, melhorando a digestão e a motilidade gastrointestinal.
  • Uso de sulfato de magnésio: seu efeito laxante reside na capacidade de reter água no intestino, o que amolece as fezes e facilita sua eliminação. A dose e a frequência da sua aplicação devem ser ajustadas de acordo com as necessidades específicas de cada granja. Este ingrediente é uma ferramenta eficaz e econômica para implementar em granjas comerciais.

Ao aprofundar estas ferramentas, o objetivo é fornecer uma visão abrangente das opções disponíveis, que foram implementadas com sucesso em granjas comerciais. É importante ressaltar que, como em qualquer aspecto relacionado à produção, não existem receitas mágicas. Portanto, recomenda-se que cada granja valide essas ferramentas através do desenvolvimento de ensaios de pesquisa aplicada, utilizando um desenho experimental particular para sua situação específica.

Esta abordagem permitirá uma maior precisão na seleção e combinação de estratégias, o que por sua vez contribuirá para melhorar o bem-estar animal, a produtividade e, consequentemente, a rentabilidade nas granjas suinícolas.

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