A biosseguridade cada vez mais uma das principais ferramentas à disposição das empresas para melhorar a saúde das granjas e prevenir a contaminação interna e externa. No entanto, uma das desvantagens que encontramos é que a biosseguridade é difícil de controlar devido ao enorme número de fatores que inclui. Por isso, a capacitação do pessoal (responsáveis, trabalhadores rurais, mantenedores ou transportadores) tornou-se um dos grandes aliados dos responsáveis pela biosseguridade, que a cada ano dedicam mais tempo e recursos ao treinamento dos colaboradores.
Mas… quanto tempo dura o efeito positivo do treinamento? Repetir os conceitos a cada 6 meses realmente garante a reciclagem do funcionário?
Algo que podemos garantir é que o constante monitoramento, definição e controle dos processos torna os funcionários mais conscientes e cuidadosos com o que estão fazendo. Atualmente, a tecnologia nos proporciona esse monitoramento em tempo real, com o qual falhas de biosseguridade podem ser prevenidas ou detectadas imediatamente.
O caso apresentado neste artigo mostra como o uso de tecnologias de biosseguridade (neste caso externas) facilita e melhora o monitoramento das normas.
Uma empresa com 45 centros (granjas, frigoríficos, fábrica de ração e centro de lavagem de caminhões) passa a utilizar um sistema externo de avaliação de biosseguridade por meio do controle digital de visitas e veículos. Seu funcionamento básico é o seguinte:
- O registro dos dados é feita através de APP móvel ou GPS veicular.
- A empresa define normas próprias de biosseguridade de acordo com o tipo de centro, estado de saúde e tipo de visita/veículo.
- Cada vez que uma visita é cadastrada, o sistema faz a leitura das normas de biosseguridade da empresa e alerta se a visita está de acordo ou não com os requisitos.
Os movimentos são classificados em 3 categorias dependendo se a visita segue as regras da empresa ou não:
- Visita autorizada. Não há conflitos, é permitido.
- Visita rejeitada. As normas de biosseguridade não são seguidas e a visita é rejeitada, ou seja, não entra na granja.
- Visita de risco. Os regulamentos de biosseguridade não são seguidos, mas a entrada na granja é permitida.
O sistema está implementado, os suinocultores são treinados para registrar as visitas e autorizar ou rejeitar aquelas que são registradas automaticamente pelo GPS (Imagem 1).
Os dados apresentados no gráfico 1 são os registros de visitas rejeitadas e de risco nos primeiros 6 meses de uso do sistema. Ou seja, as visitas que, autorizadas ou não, não seguem os padrões de biosseguridade definidos pela empresa.
A análise dos dados realizada (teste de Mann-Whitney, p<0,05) mostra como, durante os primeiros 49 dias de implantação, há um grande número de visitas às granjas que não seguem as normas. Após este período e graças ao que se convencionou chamar de “pressão de aprendizagem”, as visitas não autorizadas são drasticamente reduzidas até entrarem em padrões estáveis.
Como ocorreu esse declínio drástico? Depois de um mês registrando dados e alertas, são organizadas reuniões com visitantes da granja de todos os perfis (manutenção, visitantes, veterinários, transportes, etc.), são mostrados seus próprios dados e como eles não se enquadram nos protocolos da empresa.
A partir desse momento, o cumprimento das regras sobre a ordem de visitas às granjas mantém-se estável dentro das linhas verde (ótimo) e amarelo (aceitável) na maior parte do período analisado. No mês de outubro há uma retomada nos erros que saem das linhas vermelhas (não aceitáveis) que são rapidamente corrigidos.
O monitoramento contínuo do cumprimento das normas de biosseguridade por meio do uso de tecnologia oferece garantias às empresas e favorece o acompanhamento dos protocolos pelos funcionários.
Continuamos o trabalho adicionando informações sanitárias ao sistema para analisar a existência de relações diretas entre esses dados e possíveis movimentos de cepas de PRRS entre granjas. Em breve escreveremos outro artigo com os resultados.