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Aumento do consumo favoreceu o crescimento das produções de suínos locais na América Latina

Em 2022, evidenciou-se um maior posicionamento da carne suína no consumo das famílias e a tendência de maior participação da produção nacional nos mercados internos.

O contexto em que se desenvolveu a atividade suína LATAM (América Latina) em 2022 foi enquadrado nos altos preços das matérias-primas, o que desencadeou altos custos de produção. Da mesma forma, a conjuntura econômica internacional que trouxe consigo níveis recordes de inflação, entre outros desequilíbrios macroeconômicos, também contribuiu para a volatilidade dos preços, afetando os índices de rentabilidade dos suinocultores.

À primeira vista, poderíamos imaginar uma perspectiva muito sombria para a suinocultura na região no último ano, que supomos que viria acompanhada de resultados muito negativos. No entanto, ao consolidar os indicadores fundamentais e compará-los com relação a 2021, foram observados aumentos de 4,2% na produção e de 5,6% no volume das importações, que contrastam com a queda de 6,1% nas exportações (Gráfico 1).

  Gráfico 1: Consolidação dos indicadores fundamentais da suinocultura latino-americana em 2022 (em milhões de toneladas). Elaborado pelo Departamento de Economia e Inteligência de Mercado da 333 com dados do IBGE - COMEX STAT - GCMA - SIAP - MGAyP - ODEPA - DANE e Porkcolombia.
  Gráfico 1: Consolidação dos indicadores fundamentais da suinocultura latino-americana em 2022 (em milhões de toneladas). Elaborado pelo Departamento de Economia e Inteligência de Mercado da 333 com dados do IBGE - COMEX STAT - GCMA - SIAP - MGAyP - ODEPA - DANE e Porkcolombia.

O exposto permite vislumbrar talvez um dos aspectos mais marcantes do setor suíno latino-americano em 2022, que se refere a um aumento significativo do consumo aparente, baseado na forte demanda que acompanhou a carne suína ao longo do ano, graças aos preços favoráveis, que direta ou indiretamente contribuíram para o crescimento das produções locais (porém, o aumento sustentado das importações), alcançando assim uma maior participação destas no consumo aparente para o total da LATAM, passando de 80,2% em 2021 para 80,4% em 2022, enquanto a participação das importações caiu de 19,8% para 19,6%, respectivamente (Gráfico 2).

Gráfico 2: Participação da produção nacional no consumo aparente em 2022, países e total América Latina (em toneladas). Elaborado pela Secretaria de Economia e Inteligência de Mercado da 333 com dados do IBGE - COMEX STAT - GCMA - SIAP - MGAyP - ODEPA - DANE e Porkcolombia.
Gráfico 2: Participação da produção nacional no consumo aparente em 2022, países e total América Latina (em toneladas). Elaborado pela Secretaria de Economia e Inteligência de Mercado da 333 com dados do IBGE - COMEX STAT - GCMA - SIAP - MGAyP - ODEPA - DANE e Porkcolombia.

No entanto, é importante destacar os casos do Chile e da Argentina, que cresceram no consumo graças ao aumento de suas produções locais e não por meio de importações como nos anos anteriores, conseguindo assim abastecer uma parcela maior do mercado com produção própria. Brasil e Colômbia mantiveram suas proporções entre a participação de produtos nacionais e importados, com ligeiras diferenças em relação a 2021, enquanto o México foi o país que mais perdeu espaço para as importações em 2022, passando de uma participação de 51,8 para 50,9% respectivamente (Gráfico 3).

 

Gráfico 3: Participação da produção nacional no consumo aparente por país 2021 x 2022. Elaborado pelo Departamento de Economia e Inteligência de Mercado da 333 com dados do IBGE - COMEX STAT - GCMA - SIAP - MGAyP - ODEPA - DANE e Porkcolombia.
  Gráfico 3: Participação da produção nacional no consumo aparente por país 2021 x 2022. Elaborado pelo Departamento de Economia e Inteligência de Mercado da 333 com dados do IBGE - COMEX STAT - GCMA - SIAP - MGAyP - ODEPA - DANE e Porkcolombia.

Neste ponto, é interessante ver como mesmo quando diferentes analistas de mercado consideraram há algum tempo que abrir as portas para a importação de carne suína seria um ataque às produções nacionais, estas continuaram crescendo e conquistando uma proporção maior dos mercados em crescimento. nacional e, em alguns casos, até mesmo competindo com os importados.

Mesmo o México, cujo nível de produto importado tem aumentado constantemente nos últimos anos e que o levou a se posicionar como o segundo maior importador de carne suína do mundo, não tem permitido que o volume avassalador dessas importações prejudique o desenvolvimento e a expansão da produção nacional de carne suína, ainda mais quando o país centro-americano tem a relação mais estreita entre a oferta da produção nacional e a do produto importado para abastecer seu mercado interno.

Para concluir

O aumento da demanda por carne suína foi um fator comum que contribuiu para impulsionar a suinocultura latino-americana no último ano, o que podemos corroborar com os resultados alcançados, que por sua vez nos permitem projetar a suinocultura da região com muito bons resultados para este 2023, dado o maior posicionamento da carne suína no consumo das famílias e a tendência de maior participação das produções nacionais nos mercados domésticos. Da mesma forma, devemos estar atentos ao desenvolvimento de surtos de gripe aviária na LATAM, pois, se essa emergência sanitária continuar, talvez estaríamos diante de um possível "efeito substituição" que poderia eventualmente potencializar ainda mais a demanda e, portanto, o consumo de carne suína, como os estoques de aves diminuem devido a esta doença.

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