X
XLinkedinWhatsAppTelegramTelegram
0
Leia este artigo em:

Adoções e mães de leite (II): Como manejar os leitões excedentes?

Nós nos concentramos em movimentar os leitões excedentes, o que nos obrigará a fazer matrizes mães de leite. Explicamos as duas formas em um vídeo bem explicativo.

No artigo anterior falamos sobre as regras básicas para a movimentação de leitões na maternidade quando trabalhamos com matrizes de alta produtividade e temos muitos leitões para manejar.

Uma vez claras, estas normas básicas, vamos nos concentrar nos movimentos dos leitões excedentes, o que nos obrigará a fazer mães de leite.

Quando falamos em mães de leite, temos duas formas de abordar o assunto nas granjas:

  1. Deixar espaços vazios na maternidade;
  2. Adiantar leitegadas.

Para entendermos muito melhor cada caso, preparamos um vídeo explicativo, mas além deste vídeo precisamos levar em consideração vários aspectos importantes em cada caso:

Deixamos espaços vazios na maternidade

Na sala onde está acontecendo os partos, deixaremos os espaços vazios necessários para poder realizar esse movimento. O número de espaços a serem deixados será determinado por:

  • Prolificidade das matrizes.
  • A capacidade que temos em cada granja de maximizar o número de leitões que cada matriz pode criar sozinha. Quanto melhor trabalharmos na alimentação e manejo das matrizes, mais leitões elas poderão criar e, portanto, menos mães de leite precisaremos e menos espaços vazios teremos que deixar.

Deve-se levar em conta que, para sair dessas lacunas, temos que calcular corretamente o número de inseminações semanais com base na nossa taxa de partos para não deixar lacunas extras ou ficar aquém.

Como vemos no vídeo, na sala onde temos os espaços e as matrizes parindo, procuraremos os leitões que sobraram das matrizes que já pariram, cumprindo sempre a regra de fazer estes movimentos entre 24 horas após o colostro e 36 horas. Para decidir quantos leitões nos restam, devemos decidir quantos leitões cada matriz pode criar e é bom anotar isto antes do parto para sermos mais eficientes. Podemos repassar essa etapa neste artigo.

Para realizar os movimentos dos leitões temos que seguir sempre as seguintes recomendações:

  • Fazer o mais rápido possível: é melhor pensar bem nos movimentos de antemão, anotá-los e executá-los diretamente.
  • Certificar-se de que os leitões não perdem temperatura e ficam confortáveis: para isso podemos utilizar caixas de transporte específicas para isso que já vimos no artigo anterior.
Figura 1. Caixas para transportar leitões de forma rápida e confortável.
Figura 1. Caixas para transportar leitões de forma rápida e confortável.
  • Ter o local preparado para recebê-los com fonte de calor e possivelmente ser área de nidificação para poder deixar todos com calor enquanto trazemos a nova mãe.

Figura 2. Escamoteador fechado com fonte de calor para evitar perdas de temperatura
​
Figura 2. Escamoteador fechado com fonte de calor para evitar perdas de temperatura
Para criar estes leitões que agrupamos, procuraremos uma ou várias matrizes que tenham dado à luz entre 3 e 5 dias antes e que serão as nossas “mães de leite”. Estas fêmeas devem atender aos seguintes requisitos:

  • Criar boas leitegadas.
  • Ter pelo menos o mesmo número de leitões daqueles que vão adotar.
  • Tenha um tamanho de teto de acordo com esses novos leitões.
  • Esteja em boas condições corporais.

Para preencher a lacuna deixada por estas matrizes, poder criar as suas leitegadas e continuar fazendo os movimentos, seguiremos os passos que podemos ver no vídeo.

Na última etapa, quando deixamos os leitões desmamados com 21 dias de idade na maternidade, devemos seguir as seguintes recomendações:

  • Deixar com uma ou duas fontes de calor se necessário, pois perderam o calor da mãe.
  • Sempre com água disponível.
  • Eles já deveriam estar comendo comida seca se fizermos a coisa certa, ou “creep feeding” mas além dessa alimentação, podemos deixá-los com leite artificial ou algum leite substituto.

Figura 3. Área maternidade apenas com leitões e leite artificial à sua disposição.
Figura 3. Área maternidade apenas com leitões e leite artificial à sua disposição.
Adiantamos as leitegadas

Seguiremos novamente os passos mostrados no vídeo e para avançar no desmame dos leitões que já estão preparados para isso e que nos permitirá libertar a sua mãe para que possa atuar como mães de leite, teremos sempre em consideração o seguinte de novo:

  • Podemos deixar os leitões na maternidade seguindo as regras que falamos anteriormente e retirá-los da granja com o desmame na semana seguinte.
  • A outra opção é levá-los para uma área da granja preparada para esses leitões desmamados, que deverá possuir:
    • Pontos de aquecimento através de focos ou piso radiante e preferencialmente sistema de escamoteador para melhorar o conforto.
    • Pontos de água de fácil acesso para leitões, pelo menos um para cada 10 leitões.
    • Sistemas que nos permitem dar leite artificial se necessário.
    • Alimentadores específicos para idades precoces.
    • O ideal é que algum sistema que permita a amamentação substitua ou prepare mingaus ou ração úmida e seca que estimule o consumo dos leitões.

Figura 4. Espaço condicionado para receber leitões desmamados mais novos.
​
Figura 4. Espaço condicionado para receber leitões desmamados mais novos.
Custo dos sistemas

Para finalizar o artigo, mostraremos aqui um estudo realizado pela Thinkingpig no qual foram comparados diferentes sistemas de mães de leite. O estudo foi realizado em 1.600 animais, 400 em cada grupo de estudo e em sistema de lactação de 28 dias:

Tabela 1. Impacto econômico das diferentes gestões da maternidade. Fonte: Thinkingpig 2015.

Tipo de sistema Peso ao desmame (kg) Custo de leitão por desmame (€) Custo final (€) Custo/kg (€) Diferença (€/kg)
Sem mães de leite 7 20,67 101,68 1,057 +0,046
Sem mães de leite + leite como suplemento 7,3 21,63 102,64 1,011 Valor 0
Adiantar as leitegadas 5,6 19,51 100,52 1,170 +0,159
Espaços vazios 6,6 22,35 103,36 1,150 +0,139

Como podemos verificar no estudo, os dois sistemas em que não foram feitos mães de leite obtiveram o melhor custo no momento da saída dos animais, às 20 semanas, reforçando o argumento de que o nosso objetivo deve ser sempre o número máximo de leitões com as mães deles.

As chaves para obter estes resultados foram o número de nascimentos por matriz por ano em sistemas sem mães de leite e o peso ao desmame porque todos os leitões foram desmamados aos 28 dias.

Entre os dois sistemas de mães de leite, o custo de produção foi melhor no sistema de deixar espaços livres na creche, pois isso permitiu ter um peso melhor ao desmame do que no sistema de avanço de leitegadas. Embora no sistema de avançar as leitegadas o número de leitões produzidos por matriz por ano fosse maior, devido ao menor aumento da lactação, isso não compensou o menor peso ao desmame. Neste artigo tentamos compreender como fazer mães de leite. Estas devem ser consideradas como uma ferramenta necessária para podermos gerir o número de leitões de fêmeas de alta prolificidade, mas o nosso objetivo deve ser sempre maximizar o número de leitões que cada matriz pode criar e desmamar sozinha.

Comentários ao artigo

Este espaço não é um local de consultas aos autores dos artigos, mas sim um local de discussão aberto a todos os usuários da 3tres3.
Insira um novo comentário

Para realizar comentários é necessário ser um usuário cadastrado da 3tres3 e fazer login:

Você não está inscrito na lista A web em 3 minutos

Um resumo semanal das novidades da 3tres3.com.br

Faça seu login e inscreva-se na lista

Artigos relacionados

Você não está inscrito na lista A web em 3 minutos

Um resumo semanal das novidades da 3tres3.com.br

Faça seu login e inscreva-se na lista