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A microbiota intestinal do suíno determina a resposta às vacinas

As bactérias da microbiota intestinal que estimulam a resposta imune às vacinas em suínos também estimulam o crescimento.

Assim como acontece com o COVID-19, uma das melhores maneiras de proteger os suínos contra doenças é por meio da vacinação. No entanto, as vacinas para suínos não são 100% eficazes na geração de uma resposta imune protetora em todos os animais que a recebem, deixando alguns animais vacinados suscetíveis à doença. Descobrimos que, mesmo em uma granja altamente limpa, as concentrações de anticorpos específicos da vacina podem variar em mais de 100 vezes entre animais da mesma idade e peso (Munyaka et al. 2019). Na tentativa de encontrar maneiras de aumentar a eficácia das vacinas, pesquisadores estão tentando entender por que a resposta às vacinas varia tanto entre os animais. Eles também estão pesquisando a expressão de genes no sangue, bem como os microrganismos encontrados no trato gastrointestinal que poderiam explicar essa variação.

Em duas granjas de suínos diferentes no Canadá e na França, descobrimos que a população microbiana medida nas fezes previu melhor a resposta de cada suíno à vacina do que a expressão gênica na população de células imunes do sangue no momento da vacinação (Munyaka et al. 2019, Munyaka et al. 2020). Embora as comunidades microbianas em suínos canadenses e franceses fossem muito diferentes, encontramos microorganismos comuns que foram associados a concentrações de anticorpos maiores (considerados favoráveis) e concentrações de anticorpos baixos (considerados prejudiciais). Alguns dos microrganismos associados a respostas de anticorpos mais baixas não foram surpreendentes, como Clostridium perfringens, uma vez que é uma causa conhecida de enterite suína. Prevotella foi o gênero bacteriano mais associado ao aumento da concentração de anticorpos, tanto em suínos canadenses quanto franceses. A associação positiva não foi encontrada para todas as espécies de Prevotella, mas a grande maioria foi relacionada a uma melhor produção de anticorpos. Ainda não foi determinado se Prevotella está realmente causando uma melhor resposta imunológica ou se sua presença maior é um indicador da saúde do suíno. No entanto, existem estudos em humanos sugerindo que uma carga maior de Prevotella promove uma resposta imunológica adequada. Por exemplo, níveis elevados de Prevotella durante a gestação foram associados à proteção contra alergias na prole (Vuillermin et al. 2020). Agora é necessário que os próximos estudos analisem o papel causal que o Prevotella pode ter no desenvolvimento do sistema imunológico dos suínos. Este trabalho deve começar com o isolamento desse organismo estritamente anaeróbio, uma vez que poucos Prevotella foram isolados de suínos. Atualmente nossa equipe gerou alguns isolados usando técnicas de cultura anaeróbia, entretanto, ainda precisamos analisar como elas modificam a resposta imune. Isso será alcançado pela colonização de suínos criados em áreas livres de microrganismos e por exposições microbianas controladas (Figura 1).

Figura 1. Produção de suínos de livres de germes.
Figura 1. Produção de suínos de livres de germes.

Uma das principais descobertas além dos microrganismos associados à resposta à vacina foi a questão do momento. Enquanto a comunidade bacteriana no momento da vacinação possibilitou concentrações de anticorpos várias semanas após a vacinação, a comunidade bacteriana que coincidiu com o momento do aumento da concentração de anticorpos não era mais preditiva (Munyaka et al. 2020). Isso sugere que a comunidade bacteriana em uma idade precoce desempenha um papel fundamental no desenvolvimento de suínos (Marcolla et al. 2019). Um último achado importante deste estudo elimina um equívoco. Muitas pessoas pensaram que as melhores respostas poderia ser sobre a resposta imunológica e geração de anticorpos e, portanto, isso reduziria suas taxas de crescimento. Os achados deste estudo determinaram o contrário, uma vez que microrganismos que foram positivamente associados as concentrações de anticorpos também foram associados positivamente ao crescimento. Assim que tivermos confirmado o papel desses microrganismos na estimulação da resposta imunológica e do desempenho, teremos que descobrir como colocá-los para funcionar.

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