A prevalência do Circovírus Suíno 3 (PCV-3) tem sido pouco investigada em javalis e a dinâmica da infecção e a distribuição viral nos tecidos são atualmente desconhecidas.
O presente estudo utilizou amostras de soro de 518 javalis (recolhidas entre os anos de 2004 a 2018) para estudar a frequência da infecção. Além disso, foram recolhidas amostras de soro de 19 javalis capturados e recapturados pelo menos duas vezes durante um periodo de tempo de 1 mês a 1 ano para determinar a dinâmica da infecção por PCV-3. Finalmente, para elucidar o DNA do PCV-3, foram recolhidas amostras de soro, de diferentes tecidos e de fezes de 35 javalis adicionais. O DNA do PCV-3 foi extraído e amplificado por PCR convencional. Aos soros procedentes de amostras longitudinais e aos diferentes tipos de tecidos positivos para PCR lhes foi realizada uma PCR quantitativa. A sequência do genoma foi obtida a partir de várias amostras positivas para PCR de PCV-3 de diferentes anos, diferentes momentos da infecção e diferentes tecidos.
Os resultados obtidos confirmaram a susceptibilidade do javali ao vírus, mostrando uma alta frequência de detecção do PCV-3 (221 de 518, 42,66%) e observando circulação pelo menos desde 2004. Os dados compilados indicam a possibilidade de infecções a longo prazo já que 5 dos 10 javalis que foram positivos ao PCR mostraram positividade a amostragens realizadas com mais de 5 meses de diferença. Todos os tipos de tecido analisados continham o genoma do PCV-3, detectando a percentagem mais elevada de PCR positiva nos gânglios linfáticos sub-mandibulares, amígdalas, pulmão, fígado, baço e rim. A quantidade de DNA em todas as amostras positivas para PCR analisadas foi de moderada a baixa. As sequências totais e parciais do DNA do PCV-3 obtidas, mostraram uma elevada identidade de nucleotídos, superior a 98%.
Em conclusão, este estudo confirma que o javali é susceptível à infecção por PCV-3, mostrando uma alta frequência de detecção nesta espécie animal. Além disso, o PCV-3 pode ser encontrado em diferentes tecidos e aparentemente pode causar infecção persistente.
Klaumann F, Dias‐Alves A, Cabezón O, et al. Porcine circovirus 3 is highly prevalent in serum and tissues and may persistently infect wild boar (Sus scrofa scrofa). Transbound Emerg Dis. 2018;00:1–11. https://doi.org/10.1111/tbed.12988